tag:blogger.com,1999:blog-205024442024-03-19T09:38:55.880-03:00EDU FRANÇAUm blog para reflexão do humanoEdu Françahttp://www.blogger.com/profile/04262861306801118430noreply@blogger.comBlogger144125tag:blogger.com,1999:blog-20502444.post-30103882976084734872017-02-06T17:34:00.000-03:002017-02-06T17:34:22.128-03:00RELATOS DA ENFERMARIA DA PÓS-MODERNIDADE<div class="p1">
<span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-Y3UQSelDK4Q/WJjddLubn8I/AAAAAAAAOik/c8ffSI8hsggoOxfcdPpk7W_pwrigMROnwCEw/s1600/554090_462000677184488_1931297953_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="408" src="https://3.bp.blogspot.com/-Y3UQSelDK4Q/WJjddLubn8I/AAAAAAAAOik/c8ffSI8hsggoOxfcdPpk7W_pwrigMROnwCEw/s640/554090_462000677184488_1931297953_n.jpg" width="640" /></a></div>
<div class="p2">
<span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><span class="s1"></span><br /></span></div>
<div class="p3">
<span class="s1"><span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><span class="Apple-tab-span"> </span>Eu recebi um pedido de uma amiga do tempo em que eu ainda era gente, tinha certezas e era menos doente que hoje (embora já fosse bem mais afetado que agora), Cristiana Marinho. Adoro receber pedidos de um texto ou uma opinião escrita, fico sempre inseguro, mas não há folha em branco nem desafio que não faça jogar-me em penhascos, ainda mais sobre os temas nauseabundos dos quais sou azedo nas críticas: pós-modernidade, distúrbios psíquicos causados pelo neoliberalismo e a geração de podres de mimados. Vamos a isso!</span></span></div>
<div class="p3">
</div>
<div class="p3">
<span class="s1"><span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><span class="Apple-tab-span"> </span>Os anos 90 ferveram com usa gurus da globalização, uma tribo global, um mundo integrado, redução das diferenças e distâncias, um mundo multicultural. Todos estes gurus sumiram, nenhum era filósofo ou sociólogo, na sua maioria economistas colunistas do The Economist. Nós acreditamos porque somos pios, quem em sã consciência real, madura acreditaria que os países ricos dividiriam seus meios de produção para via de uma integração, por altruísmo de almas caridosas vindas do alto clero financeiro, só os desesperados do terceiro mundo para abrir suas portas, com vergonha de si, se desculpando por existir, “nós é pobre mas nós é limpinho, num repara na bagunça”, para lordes ingleses, magnatas americanos e europeus. Ele vieram para completar o plano neoliberal de Margaret Thatcher; antes de continuar deixem-me explicar de onde vem o termo “neoliberal”, ‘neo’ prefixo grego para O liberalismo econômico é uma ideologia baseada na organização da economia em linhas individualistas, o que significa que o maior número possível de decisões econômicas são tomadas por indivíduos e não por instituições ou organizações coletivas. A dama de ferro queria e conseguiu o maior desastre sociológico e histórico da história: transformar cidadãos, em consumidores. Vou ser mais didático, o cidadão ele tem deveres, direitos, consciência crítica, poder de decisão sobre sua micro esfera, rede real, organizações, sindicatos, movimentos, capacidade de compaixão, associações e mais uma série de uma atmosfera que fazia o ser se sentir protegido e não apenas uma máquina. O consumidor tem uma conta bancária, um salário de médio a mínimo, um cartão de crédito, um limite no cheque especial, alguma credibilidade para empréstimo, às vezes um talão de cheques e o abandono à própria sorte.</span></span></div>
<div class="p3">
<span class="s1"><span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><span class="Apple-tab-span"> </span>A globalização era a pele de cordeiro sobre o neoliberalismo e o mundo descobriu isso muito rápido, quando as fronteiras não se abriram, quando o protecionismo dos países ricos aumentou e a chantagem sobre os países de terceiro mundo massacrou a possibilidade de desenvolvimento de tecnologia, democracia e estado de bens estar de direitos; os países mais firmes em suas posições de negociação levaram toneladas de bombas e outros tiveram seu sistema político colapsado por insurreições financeiras e políticas financiadas pelos EUA, e UK, sob conivência européia, como ocorreu no Brasil recentemente. Foi um sucesso! O que o plano desejava era globalizar as aspirações de consumo, os padrões de felicidade (todos ligados exclusivamente ao consumo), e o marketing. A morte das ideologias e o isolamento do indivíduo sem que este se aperceba disto, aí entram as redes sociais que utilizam o método seres zumbis, que a filósofa e ensaísta Hannah Arendt chamou de indivíduo burocrata logo após o nazismo, aquele que faz o que se manda sem refletir, executa sem culpa, o consumidor trocou a vida real pela virtual, porque lá ele age, se expressa, vende sua imagem sem pensar no que está fazendo, apenas correspondendo ao que lhe é obrigado como o padrão que ele adotou como lei de comportamento social, tal qual um soldado nazista matava um judeu porque um superior mandava e ele executava, na mesma mecânica de funcionamento. O consumidor não reflete, ele compra e cumpre e se interrompe o ciclo ele está fora roda, no ostracismo da sociedade, um sujeito marginal. Vejam a interligação das coisas, a globalização como capa dourada para esconder o neoliberalismo, que se serve do comportamento pós-moderno para se manter e devastar. É um conjunto muito bem pensado para criar uma solução que o capitalismos tenta achar há muitas décadas, criar demandas. Com a morte das tribos, das culturas locais, dos valores regionais sem transformar o consumidor em cosmopolita a única empatia que ele tem com o mundo é possuir o que está nas mãos de um americano, francês, Inglês, alemão, então se vive a criação de demandas inúteis e efêmeras, troque sei iPhone 6 pelo 7, depois pelo 7 plus, seu carro novo pelo seu novo carro novo e o elemento não se dá conta que ele está marchando apenas para um acúmulo de dívidas e um almoxarifado de cacarecos inúteis, porque ninguém o olha mais, ele está só, abandonado, agarrado ao seu Visa, chorando na nas noites vazias, sem abraço e se entupindo de antidepressivos, um remédio para dormir, um pra acordar e outro pra suportar o dia. Outra demanda fantástica do neoliberalismo, adoecer o indivíduo para vender drogas, lícitas ou ilíticas, mas quase todas com dedo, por vezes corpo inteiro, da indústria farmacêutica, ou alguém acredita a cocaína e as drogas sintéticas ainda são feitas por camponeses no meio da floresta? Estima-se que 112 bilhões de toneladas de drogas foram produzidas em 2016 e mais 221 trilhões de dólares foram lavados no sistema financeiro oriundo do universo da droga (dados da OMC), fundamental para o neoliberalismo, que deve adoecer o consumidor, mas não matar ou deprimir de vez, afinal ele precisa trabalhar pra consumir. Estamos todos doentes ou afetados disso que se chama neoliberalismo e pós-modernidade, o primeiro se servindo sempre do segundo.</span></span></div>
<div class="p3">
<span class="s1"><span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><span class="Apple-tab-span"> </span>Trocamos pessoas por cachorro, este mês, fevereiro de 2017, uma senhora dava de comer a sua cadela impassível diante de um refugiado que morria afogado em Veneza, enquanto a população gritava “volta pra casa”. O preto pobre morreu a menos 15 metros da senhora depois de agonizar, para espetáculo público, que continuou alimentando sua cadela, talvez porque ela seja uma pessoa do bem e não suporte ver sua cadelinha com fome. O indivíduo, o ser humano, o cidadão ele não descarta pessoas, o pós-moderno, o consumidor ele cospe corpos, porque o apego, o amor, o cuidado, o zelo em recuperar relações demanda tempo e não gera dividendos para nenhum lado, descartar, trocar de gente como se troca de roupa suja gera e gira muito dinheiro: novas viagens, roupas novas, presentes, jantares, passeios até seu repertório se esgotar e chegar a vez de trocar de pessoa outra vez. Zygmunt Bauman com a frase “Nada é feito para durar”, resume todo ânsia e aspiração da doença neoliberal, tudo tem que ser em alta velocidade efêmero, fugaz e passageiro para fazer girar o capital. O impacto disso medimos nas ruas, as pessoas como zumbis nos shoppings (local que não vou há anos, a não ser para palestrar e saio de lá correndo), eu lido com as pessoas, embora esteja ao mesmo tempo sempre rodeado mas só, eu vou até as pessoas, não com as pessoas nem para as pessoas, meu afetamento pós-moderno. Eu ouço clichês com álcool de sexta a domingo, segunda clichês com sono, quarta clichês com cansaço, mas diálogo há anos que não ouço ou presencio. A indiferença é uma marca latente de nossa época, de nossa ala de enfermaria do sanatório geral, que não é um manicômio em auto-gestão, ao contrário é uma indústria bem estruturada e planejada de criar deturpados e isolados de si, deprimidos e solitários suicidas, lembrando que a pior morte é a em vida!</span></span></div>
<div class="p3">
<span class="s1"><span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><span class="Apple-tab-span"> </span>Com a criação dessa legião de zumbis de shopping o neoliberalismo é genial no seu propósito, ele é um catalizador de tudo a seu favor, o politicamente correto foi criado nos anos 50 nos EUA porque umas camadas da população começava a circular no espaço público como consumidores, negros, homossexuais, mulheres, imigrantes ilegais e se queremos o dinheiro do cliente não podemos fazer piadas ou gracinhas ofensivas com eles, então criou-se “la langue de bois”, a língua de madeira, onde há seu lado positivo, deu respeito a umas camadas apedrejadas antes, mas a intenção não era essa, era abrir carteiras. A esquerda tomou o politicamente correto e introjetou nos seus valores mais arraigados, resultados tudo virou racismo, homofobia, gordofobia, bullying, machismo, xenofobia e ninguém tem mais coragem de dizer nada. Matou a crítica, salvo um ou outro desaforado como eu, que preto é preto, branco é branco e viado é viado e ponto. Porque esse pudor na crítica cria o eufemismo das expressões do tipo “Os afro-brasileiros serão pleiteados em demandas exclusivas para concretizar a impagável dívida histórica com seus ancestrais”. Que frase linda, né? A cultura da esquerda mimimi tem um orgasmo com uma frase desta, que na prática quer dizer “preto só vai ser chamado se for preciso por causa da sua raça”. Tudo isso só serve a uma causa, o neoliberalismo. Sem esquecer que a “escola sem partido é um desdobramento conceitual do politicamente correto!</span></span></div>
<style type="text/css">
p.p1 {margin: 0.0px 0.0px 0.0px 0.0px; text-align: center; font: 30.0px Helvetica; color: #000000; -webkit-text-stroke: #000000}
p.p2 {margin: 0.0px 0.0px 0.0px 0.0px; font: 11.0px Helvetica; color: #000000; -webkit-text-stroke: #000000; min-height: 13.0px}
p.p3 {margin: 0.0px 0.0px 0.0px 0.0px; text-align: justify; font: 11.0px Helvetica; color: #000000; -webkit-text-stroke: #000000}
span.s1 {font-kerning: none}
span.Apple-tab-span {white-space:pre}
</style>
<br />
<div class="p3">
<span class="s1"><span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><span class="Apple-tab-span"> </span>Uma geração em que tudo dói, tudo incomoda, que não tem espírito de sacrifício, em que a culpa é sempre do outro, que não tem valor regional é campo fértil e arado para o consumismo, mas deixa brechas perigosas: como o fanatismo e a radicalização. Veja o mundo ao seu redor, o futuro é nãos das religiões, mas dos fanáticos, dos lunáticos porque já não sabem quem são, e fora do seu poder de consumo o sistema não quer saber de você. Tenho leitores que moram pelo mundo, no East-side Tamisa na Inglaterra, no Brooklin nos EUA, em Saint-Denis em Paris, na Cova da Moura em Portugal, nas favelas de Recife vi uma juventude igual, de boné, medalhão em corrente de grossa no pescoço, tênis Nike e camisas Adidas todos com aquela mesma arrogância de chefe de tráfico. Tudo padronizado e no relato desta enfermaria, Cristiana Marinho, Franco Berardi alerta para a possibilidade. Eu grito que já estamos todos cronicamente doentes e irremediavelmente afetados e sequelados por esta era líquida. Corpos sem alma, prazer mecânico, compulsão, radicalização de todos os setores, solidão e abandono. O mundo virou uma mera especulação e uma representação de felicidade sem coração, com o sentimento jogado ao chão como uma toalha suja e os cérebros mijados por protozoários de terno da volatilidade econômica. Coacaína, rivotril, maconha e um deus sangrento são os suportes que não fizeram ainda tudo implodir!</span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="p3">
<span class="s1"><span style="font-family: "helvetica neue" , "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><br /></span></span></div>
Anonymousnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20502444.post-37301790405994561292016-06-04T15:16:00.002-03:002016-06-04T17:52:08.912-03:00BESOURO MANGANGÁ (A LUXÚRIA COMO ÚNICO ECUMENISMO POSSÍVEL)<div class="p1" style="text-align: center;">
<span class="s1"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: large;">A LUXÚRIA COMO ÚNICO ECUMENISMO POSSÍVEL</span></span></div>
<div class="p2" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: large;"><span class="s1"></span><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.blogger.com/video.g?token=AD6v5dwKv0fEmsXULYgvPfkN3dxwrWHXPw9mChqVScjr0uPgfoYUCBCx3chIuZ-Mk64HHlc3OcZq1MsRGzU' class='b-hbp-video b-uploaded' frameborder='0'></iframe><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span></div>
<div class="p3" style="text-align: justify;">
<span class="s1"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div class="p1" style="text-align: justify;">
<span class="s1"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: large;">Não era um bordel! Era uma casa de prazer não aberta ao público e acesso a restritos convidados, mas sempre frequentes. Todo fim de semana grupos de casais, homossexuais, bissexuais e solteiros se reuniam na mais ecumênicas das missas, o gozo coletivo. Do dono desse espaço situado sabia-se pouco e pouco falava, salvo aos novos convidados que ele iniciava na sua requintada casa de prazeres ao estilo neo clássico francês. Era conhecido como Senhor E apenas, possivelmente um codinome, mas neste lugar nome, identidade, orientações e posições pouco importava. A mansão era uma galeria de arte exposta ao encanto e por todos os ambientes ouvia-se gemidos, gritos de dor e prazer, nessa linha tênue que há entre entre estas sensações irmãs. Na casa iam no mais absoluto sigilo cristãos, judeus e muçulmanos e da porta para fora ficava todas as suas fachadas sociais, entravam apenas os seres despidos de si e vestidos de seus fantasmas porque depois da respiração a sexualidade é instinto mais primitivo e incontrolável do ser humano. Ao canto da sala havia uma poltrona onde Senhor E sentava-se e assistia sem emoção aparente judeus ortodoxos em atos homossexuais com muçulmanos radicais, barbas e pelos em apertos e alguma cristã excitada ao meio, depois muitos se juntavam num balanço de corpos misturados, descia pelos lençóis fluídos, que quando não eram de de suor eram de gozos. quase sempre mais de 15 pessoas juntas em um prazer que soltava o cheiro de sexo pelo salão sobre os olhares impávidos de uma escultura de vênus e o olhar do Senhor E, que depois de horas observando os movimentos sem dar uma palavra, tomava seu café e fumava muitos cigarros até que a rotina e seu olhar adestrado foi quebrada com a chegada de uma moça de 28 anos trazida por um casal. Uma iniciante, coisa que Senhor E adorava. Mas não veio participar e aí criou-se o mal estar na civilização do espaço Besouro Mangangá. </span></span></div>
<div class="p1" style="text-align: justify;">
<span class="s1"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: large;"><span class="Apple-tab-span"> </span>Um moça de beleza incômoda, que fez o básico dos cumprimentos e sentou-se ao lado do Senhor E, não confortável resolveu mostrar a beleza de seu templo de prazer, explicou, mostrou todo seu acervo de arte sacra, do humanismo ao pós barroco português. Mas aquilo não parecia encantar a moça que via com cara de paisagem o que era de fato paisagem, o espetáculo a que se propunha já havia começado e, notando que o tédio visual ja dominava essa menina sem nome, desceram e observaram todo o espetáculo da carne. Em poucos minutos ela roçava as pernas, mexia nos cabelos, passava a língua nos lábios e aumentava a respiração ofegante. Senhor E ria de canto de boca e cria que em minutos ela estaria no meio daqueles corpos nus sem donos, de mãos lascivas, que passavam por tudo e por todos, e rolavam corpo sobre corpo e alguém explodia em um gemido de gozo caindo pro lado sem ser deixado em paz por alguma boca sequiosa que ia reanimar, os corpos flutuavam um sobre os outros e ali não havia distração de sexo, cor, raça, religião ou classe, todos na mais primária da dádivas natural. Senhor E fez o gesto com a mão indicando o caminho livre da cama coletiva, mas ela o atirou um convite que explodiu sua frieza, seu placidez, sua lividez diante da cena que nunca perdia por um segundo.</span></span></div>
<div class="p2" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: large;"><span class="s1"></span><br /></span></div>
<div class="p1" style="text-align: justify;">
<span class="s1"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: large;"><span class="Apple-tab-span"> </span>- Venha comigo, só vou com você!</span></span></div>
<div class="p1" style="text-align: justify;">
<span class="s1"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: large;"><span class="Apple-tab-span"> </span>- Eu nunca vou!</span></span></div>
<div class="p1" style="text-align: justify;">
<span class="s1"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: large;"><span class="Apple-tab-span"> </span>- E qual o sentido de promover isso tudo se não participa?</span></span></div>
<div class="p1" style="text-align: justify;">
<span class="s1"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: large;"><span class="Apple-tab-span"> </span>- Quem disse que não participo? Olhar é participar, criança, eu faço aqui o que as religiões e as ideologias fracassaram em 4 mil anos, eu uno pelo mais primitivo da essência, eu revogo as posições retrago ao mais firme fundamento da natureza, o sexo. </span></span></div>
<div class="p1" style="text-align: justify;">
<span class="s1"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: large;"><span class="Apple-tab-span"> </span>- Você é louco!</span></span></div>
<div class="p1" style="text-align: justify;">
<span class="s1"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: large;"><span class="Apple-tab-span"> </span>- Moça bonita, eu sou um ecumênico, um agregador e pastor no caminho do homem com o homem mais essencial. Sabe porque nominei este espaço como Besouro Mangangá?</span></span></div>
<div class="p1" style="text-align: justify;">
<span class="s1"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: large;"><span class="Apple-tab-span"> </span>- Nome escroto e sem o menor sentido…</span></span></div>
<div class="p1" style="text-align: justify;">
<span class="s1"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: large;"><span class="Apple-tab-span"> </span>- Errado! É especial animal que mais potencializa o sexo, só fazem grupal, se comem mesmo atacando, costumam atacar o couro cabeludo de suas vítimas e não estão mordendo como pressupõe a dor de quem está sendo vítima, eles estão fazendo sexo entre todos naqueles pelo escolhido e o seu sexo grupal o coletivo funcionam, se defendem e se alimentam do que gozam, temos todos muito dos besouros mangangás, o coletivo só se salvará se copiarmos os besouros mangangás. </span></span></div>
<div class="p1" style="text-align: justify;">
<span class="s1"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: large;"><span class="Apple-tab-span"> </span>A garota estarrecida com aquele trintão e até encantada, mesmo excitada propôs por fim: - Quero fuder com você, só com você!</span></span></div>
<div class="p1" style="text-align: justify;">
<span class="s1"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: large;"><span class="Apple-tab-span"> </span>Ele tomou o último gole de café, acendeu mais um cigarro e disse com um riso fino de ironia: - Eu nunca sexo, nem coletivo, nem intimista…</span></span></div>
<div class="p1" style="text-align: justify;">
<span class="s1"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: large;"><span class="Apple-tab-span"> </span>- Então é uma ideologia pervertida?</span></span></div>
<div class="p1" style="text-align: justify;">
<span class="s1"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: large;"><span class="Apple-tab-span"> </span>- A única perversão sexual que conheço, excluindo as patologias psico-sociais, é a monogamia. Não sou casto, você me deu um orgasmo que há muito não tinha, é mais abissal este fosso, tudo é sexualidade inclusive o corpo, inclusive o corpo… - e foi repetindo isso até o pc onde colocou para tocar Jesus Alegria de todos os Homens de Bach. Voltou sem intenção de sentar-se outra vez e completou - Assim como a humildade é forma mais plena da soberba, a abstinência é a forma mais bela, nobre e real da luxúria. </span></span></div>
<div class="p1" style="text-align: justify;">
<span class="s1"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: large;"><span class="Apple-tab-span"> </span>Virou-lhe às costas e sumiu pelo casarão escuro e a bela moça abriu as pernas, fechou os olhos, esqueceu a orgia em face, masturbou-se e gozou para Bach em Jesus Alegria de Todos os Homens!</span></span></div>
<div class="p2" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: large;"><span class="s1"></span><br /></span></div>
<div class="p3" style="text-align: justify;">
</div>
<div class="p1" style="text-align: justify;">
<span class="s1"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: large;">Edu França 04/06/2016</span></span></div>
Edu Françahttp://www.blogger.com/profile/04262861306801118430noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20502444.post-72021567722021993982015-10-14T02:22:00.001-03:002015-10-14T12:48:53.866-03:00Gabi, Gèsu Bambino<div class="p1" style="text-align: justify;">
<span class="s1" style="font-size: large;"><b>Gabi, Gèsu Bambino</b></span></div>
<div class="p2" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><span class="s1"></span><br /></span></div>
<div class="p3" style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6CZV28PN0AGK6VfND8S4GWOye2ET-uakK-V26Q9JftpnG5hH5F7U2QJkLJ0sBLgEPMwPLxRJO91H7SmlxQp-M4BAALA0NH7I1qCj6NltApIekJ_S6T4k1A_SbHuzBaIpE_NB8/s1600/10509567_763509167033636_1370022407279531616_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-size: large;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6CZV28PN0AGK6VfND8S4GWOye2ET-uakK-V26Q9JftpnG5hH5F7U2QJkLJ0sBLgEPMwPLxRJO91H7SmlxQp-M4BAALA0NH7I1qCj6NltApIekJ_S6T4k1A_SbHuzBaIpE_NB8/s320/10509567_763509167033636_1370022407279531616_n.jpg" width="240" /></span></a><br />
<br />
<span style="font-size: large;">Num dia de verão Deus andava sério, sisudo e contrariado com as asneiras dos homens, o Espírito Santo voava sôfrego e apressado entre as Nossas Senhoras entregando o clamor dos homens, que os recolhia e lavava-os a Deus. O Menino Jesus brincava de cambalhotas pelas nuvens sem ser vigiado pelo pai ocupado, suas muitas mães comovidas com os suplícios dos corações pios e seu guardião, o Espirito Santo, encarregado de recolher promessas e entregar milagres. O Menino Jesus resolveu brincar, como cabe a toda criança, mexeu nas estrelas e desenhou urso de pontos luminosos, tapou o sol a mão e encontrou ouro, junto a mirra e incenso, de que lhe servia tudo aquilo? Fez chover ouro em pó, não pela riqueza, mas pela beleza de ver uma chuva dourada, desenhou animais nas nuvens com a ponta do dedo e fazia birra quando o vento os desfazia, formado outras figuras estranhas. Corria com a cabeça para o alto olhando a lua só para ter a impressão de que era a lua que corria. Girava em torno de si mesmo para sentir tontura, parecendo assim que o céu tremia e se sentia triste na sua divindade de ser tão amado e solitário.</span><br />
<span style="font-size: large;">Resolveu desobedecer seu pai e correu entre as nuvens até o armazém das almas; encontrou a sala dos poetas e ficou maravilhado com a beleza das palavras, na sala dos músicos entendeu o porquê de seu pai os respeitar tanto quando ouviu o eterno menino Mozart brincar ao piano. Na sala dos puros descobriu que a paz é a inocência. Na sala dos pintores descobriu o segredo dessa arte ser tão bela: era o Espírito Santo que nas suas folgas guiava as mãos dos pintores para que vida fosse reproduzida tal qual fora planejada. Na sala dos Santos maravilhou-se com seus feitos e chorou a dor de cada um deles, que sofreu seus martírios em nome de um homem melhor, ficou amigo de São Francisco de Assis, gostou também do bem-humorado Santo Agostinho, conheceu e respeitou o colérico e sério São Jorge, que lutava e estava sempre pronto à batalha, viu um senhor quase tão ocupado quanto seu pai: Santo Expedito, que cuidava das causas perdidas, pobre senhor com uma tarefa tão difícil, entrou na sala das crianças traquinas como ele e riu muito da bagunça que elas faziam; entrou no meio da folia, pulou, atirou flocos de nuvens uns nos outros, brincaram às escondidas, brigaram e ficaram amigos outra vez, como todas as crianças.</span><br />
<span style="font-size: large;">O Menino Jesus desobedeceu seu pai, como é parte do crescimento de qualquer criança, e descobriu uma parte do céu do só veria quando fosse grande, mas quando ele cresceria se estava destinado a ser o Menino Jesus ou Cristo crucificado, sofrido e incompreendido? Teve medo da solidão e uma ideia lhe ocorreu. Foi até à árvore do pecado, onde estava o guardião menino como ele, um arcanjo que era seu amigo desde sempre e tão traquino quanto o Menino Jesus. Ele expôs seu plano e o arcanjo abandonou seu posto, foram até à maternidade do céu, pegaram uma criança e saíram voando pelas salas das almas, ensacaram no bebê uma alma de poeta, outra de musico, uma alma pura, a alma de um pintor, a alma de um santo travesso e por fim escolheu a alma da criança mais traquina que havia no infantário celestial. Traquino, ensaca nesse bebê seu amigo, o arcanjo Gabriel e ao vinte e nove de maio veio ao mundo uma criança com todas as almas que o Menino Jesus quis.</span><br />
<span style="font-size: large;">Assim ele nasceu com o nome do arcanjo que lho guardava, Gabriel veio ao mundo derramando amor, carinho, pureza e arte. O Menino Jesus nunca mais sentiu solidão e cada vez que Gabriel sorri seu amigo mais divino faz festa no céu; cada lágrima que lhe escorre o Menino Jesus envia os anjos para que a ampare antes que ao chão: assim vivem em comunhão o Menino, o Anjo e o Gabriel.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Edu França</span><br />
<br /></div>
Edu Françahttp://www.blogger.com/profile/04262861306801118430noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20502444.post-69938801662874183232015-08-23T16:23:00.000-03:002015-08-23T16:24:54.749-03:00O Assassinato da Rua de La Noue (ou a Organização Eficaz da Indiferença em Virtude de Agonia)<div style="background-color: white; margin-bottom: 6px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #141823; font-family: 'Helvetica Neue', Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 11.039999961853px;"><br /></span></div>
<div style="color: #141823; font-family: 'Helvetica Neue', Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 11.039999961853px; text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div style="background-color: white; color: #141823; line-height: 11.039999961853px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-syZx9_OVZgU/VdoceVv2w8I/AAAAAAAAIYY/2ztJnmjdXh8/s1600/10689893_411027749053870_3281642579463907429_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: justify;"><img border="0" height="212" src="http://3.bp.blogspot.com/-syZx9_OVZgU/VdoceVv2w8I/AAAAAAAAIYY/2ztJnmjdXh8/s320/10689893_411027749053870_3281642579463907429_n.jpg" width="320" /></a><span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; line-height: 11.039999961853px;">Agon do grego antigo quer dizer conflito, nenhum ser humano vive sem agonia, somos seres em conflito permanente, menos o Senhor L, que esta história quer marcar como único homem sem conflito que a humanidade já registrou. Senhor L era tão calado que aos quase 50 anos havia quem o tomasse por mudo ou idiota, talvez fosse os dois. Não aparecia na rua, nem se exercia nos seus compromissos urbanos, desdenhava a burocracia e vivia a madrugada, na solidão onde quase não há gente, só vultos fantasmagóricos. Ali exercia seu auto-conhecimento, questionava tudo e todos e dava seu aval ao mundo que o ignorava, respeitava tiranias, desprezava títulos, etiquetas, diplomas e poses e só seu desprezo ao mundo o acompanhava. Não praticava a hipocrisia cotidiana como vaselina social, não perguntava ao porteiro do seu prédio “como está?” porque ele, assim como todo mundo, não queria saber como ele estava. Senhor L não perguntava se estava tudo bem. Nas madrugas em branco ele ouvia de tudo entre os barulhos reveladores dos vizinhos nas noites ruidosas, assim quando ouviu e viu diante da sua porta um marido enfurecido matar a esposa e o filho, ele fechou o olho mágico e fez um café. Assim como não reagiu quando tomaram tudo que tinha construído ao longo da vida, virou as costas e calado seguiu. Não aparentava incômodo por nada, nem espanto, nem choque, nem estarrecimento, nem nada. Ele olhava o mundo de sua janela do trigésimo andar, uma paisagem monótona, chata e repetitiva, mas ele também não ligava. Gostava do espectro do cinismo, não debatia, não criticava nem era criticado, se interessava por tudo e não se importava com nada. Um método indolor de viver, sem paixão, sem tesão e mudo. Tinha devoção aos livros e aos maços de cigarros, que em raros momentos de expressão dizia ser a parte real de existir. Nem feliz, nem triste, nem bom, nem mau. Um fantasma urbano que ouvia Vivaldi baixo e peidava alto!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; line-height: 11.039999961853px;">Não é que sua vida fora privada de choques ou causas de dor, não era isso, ninguém escapa às misérias da vida, o Senhor L simplesmente não era tocado por qualquer fleuma de paixão ou de ódio, ele era indiferente. Impermeável às sensações. Este motor do choque interno, do conflito, da angústia, da culpa, do remorso, do desejo, do arrependimento, da inveja, da cobiça, da luxúria, da frustração, do erro, nada disso que faz a humanidade caminhar e criar, dessa mistura, aspirações, nobrezas, vilezas e até o amor, nada disso o tocava. Não se tratava de psicopatia, mas talvez de uma total ausência do sistema límbico, que o privava de sentir seja o que for. Há anos descia no elevador às 18 horas e 13 minutos com uma jovem sem nunca a cumprimentar, iam-se longos anos desse convívio de menos de um minuto de elevador, onde sequer olhava a bela mulher, que deveria ter um compromisso diário à noite, cuja já não conseguia ignorá-lo e as palavras caíram da boca:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="background-color: white; color: #141823; line-height: 11.039999961853px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;">“Eu pensei que fosse má educação, depois pensei que fosse timidez, por muito tempo pensei que fosse esnobismo, outros anos pensei que fosse arrogância e hoje eu sei que é morte.”</span></div>
<div style="background-color: white; color: #141823; line-height: 11.039999961853px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;">Seu coração disparou, teve vontade de reagir, mas de estava tão habituado a calar que na hora as palavras fugiram e a mulher que não conteve levou consigo mais uma reação daquilo que ela chamou de morte. Ele sorriu. Nem egoísta poderia ser chamado porque nem dele cuidava. Mas um prazer que nunca tinha sentido reluziu em seu cotidiano metódico, observar moça voltar para casa do alto do seu apartamento, debruçado à janela fumando seus cigarros e observando a discreta e solitária moça voltar pela deserta rua de La Noue. Era-lhe apenas interessante seus passos e tentava convencer-se de que não era nada mais que um interesse estético urbano, mas parou de ir comprar cigarros as 18 horas e 13 minutos! As solidões se falam sem verem, os doídos da falta de paixão tem uma irmandade espiritual e uma comunicação sensorial, eles trocavam longos diálogos silenciosos, nada se une mais que os aleijados de alma, mancos da indiferença, invisíveis emocionais se captam no ar. Ela o via e ria, ele a via e tremia. Passariam anos assim se não fosse uma noite de nevoeiro denso e frio intenso na qual um acontecimento mudaria o curso de tudo e de todos; um homem se aproximou por trás da mulher e desferiu um tiro na nuca sem mais nem porquê, ele debruçado sobre a janela teve pânico inicialmente, começou a suar, tremer, depois lhe ocorreu uma revolta, um ódio sem precedente na sua vida, uma indignação raivosa, uma ânsia de ser um salvador, de poder voar e socorrer a mulher que estava imóvel sobre o sangue que já formava uma poça, no seu íntimo sentiu o inferno humano pulsando junto ao coração que tentava pular pela boca e não passava ninguém no local, só silêncio e frio, ele começou a chorar copiosamente, compadecido, impotente e vencido, mas não se mexeu. Acendeu mais um cigarro e continuou por meia hora a contemplar o corpo estático numa calçada vulgar derramando um sangue ordinário. As lágrimas secaram,o cigarro acabou, ele lentamente foi-se erguendo da janela, em letargia de indiferença sem agonia, fez mais um café, aumentou o volume do Vivaldi. Teve medo não da morte, mas da pouca vida lhe restava, voltou à janela, olhou pela última vez o corpo no asfalto e rabiscou num papel:</span></div>
<div style="background-color: white; color: #141823; line-height: 11.039999961853px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;">“Eu sou um sucesso social, ter humanidade é um defeito moral para viver em sociedade!”</span></div>
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><div style="background-color: white; color: #141823; display: inline; line-height: 11.039999961853px; margin-top: 6px;">
</div>
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; line-height: 11.039999961853px;">Senhor L baixou Vivaldi, teve um contentamento profundo por ver sua ameaça morta e recordou-se quem era, não sentiu mais nada e soltou um alto e solene peido fúnebre!</span></div>
Anonymousnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20502444.post-77467419529958994542015-08-05T19:13:00.002-03:002015-08-05T22:13:35.951-03:00PRIMEIRO TRECHO DO MEU NOVO LIVRO O TORTURADOR DE ALMAS<span aria-live="polite" class="fbPhotosPhotoCaption" data-ft="{"tn":"K"}" id="fbPhotoSnowliftCaption" style="background-color: white; color: #141823; display: inline; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; outline: none; width: auto;" tabindex="0"><span class="fbPhotoSnowliftVideoTitle" style="display: block; font-weight: bold; margin-top: 15px;">PRIMEIRO TRECHO DO MEU NOVO LIVRO O TORTURADOR DE ALMAS</span><span class="hasCaption"><br /></span></span><br />
<div class="text_exposed_root text_exposed" id="id_55c2874d711c34560986944" style="display: inline;">
O Torturador de Almas - PRIMEIRO TRECHO DO LIVRO LIBERADO</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.blogger.com/video.g?token=AD6v5dxuW0acYwllN6f-c7QMQvJVyqdHhsU2WsqZzEX5okOxF17PF7doLFQgGNR64SGHX3hdHKNSSCAwIfY' class='b-hbp-video b-uploaded' frameborder='0'></iframe></div>
<div>
<div class="text_exposed_root text_exposed" style="display: inline;">
<br />
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">"João era nascido no Morro da Pedra, no município de Guaratiba, estado do Rio de Janeiro, mas ainda muito novo, em meados de 1939 danou-se para a Capital investir no seu ofício mais talentoso: o samba. Vivia a Lapa vigiada pela polícia getulista, compôs, mas sem sucesso, até encontrar com outro sambista conhecido que gostou de uma de suas l<span class="text_exposed_show" style="display: inline;">etras, o sucesso parecia bater à porta, mas seu ganha pão o qual pagava a cachaça do samba era as putinhas que ele espalhava pelas pensões da Lapa, criou-lhe um embaço, um nó cego. Quando Francisco Alves foi gravar o samba de composição de João faltava o resto do nome do letrista. Ele era apenas conhecido por João Altura de Pedra, porque vinha do morro do mesmo nome e era um mulato de dois metros de altura. No dia da gravação ele não apareceu. Dias antes sumiu da Lapa. Havia fugido de uma rusga tenebrosa da temida polícia de Getúlio Vargas, embarcou clandestinamente num navio português em direção a Marselha. A música foi gravada com melodia de Francisco Alves e letra de autor desconhecido. Seu samba foi sucesso na rádio Tupy cantado até por Elizeth Cardoso e Ciro Monteiro, e ele degredado sem saber para onde ia. Mas malandro que é malandro faz edredom ter refrigeração. Descobriu dentro do navio, como um rato clandestino, que naquele fim do ano de 1945 a França recebia estrangeiros de braços abertos para a reconstruir, mas portugueses não era bem-vindos por terem feito parte do eixo do mal, logo os documentos brasileiros eram recebidos com honra. Malandro malandra o tempo todo, João Altura de Pedra decidiu então vender seus documentos já que era procurado por Getúlio Vargas, fez amizades dentro do navio e indicaram um jovem falsificador de documentos que esquentava os papeis dos portugueses por documentos brasileiros, este jovem de 21 anos na época, chamava-se Mário Soares e vivia pelo Porto de Marselha catando todo estrangeiro que quisesse vender seus documentos para os revender a peso de ouro aos portuguesas que atravessavam a Espanha à pé para irem trabalhar na reconstrução da França, mas eram barrados na fronteira. Mário Soares era um falsificador nato, foi preso na França por isso, condenado, cumpriu pena, mas anos depois se tornou um dos melhores presidentes da história de Portugal e um dos políticos mais influentes da Europa.<br />_ Como o senhor se chama?<br />_ Me chamam de João Altura de Pedra<br />_ Só vós brasileiros para terem alcunhas deste modo, mas o verdadeiro?<br />_ Está aí nos papeis, mas sou malandro, não posso usar meu nome, a polícia anda a minha procura no Brasil. Preciso de um nome novo e algum dinheiro pra começar a vida!<br />_ Queres virar francês?<br />_ Pra me livrar dos boinas verdes de Getúlio eu viro até mulher!<br />_ "João Altura de Pedra", João=Jean, Pedra=Pierre, Altura=Hauteur, pois bem, vais-te chamar Jean-Pierre Hauteur. Amanhã terás os documentos em mãos e o dinheiro, depois somes porque também estou a ser procurado.<br />E assim começa a saga da família Hauteur pela França, e João nunca soube que sua letra fez história no Brasil e ainda é regravada até os dias de hoje."<br /><br />Mulher De Malandro<br />Francisco Alves/ Autor desconhecido (João Altura de Pedra ou Jean-Pierre Hauteur)<br /><br />Mulher de malandro sabe ser<br />Carinhosa de verdade<br />Ela vive com tanto prazer<br />Quanto mais apanha<br />A ele tem amizade<br />Longe dele tem saudade<br /><br />Mulher de malandro sabe ser<br />Carinhosa de verdade<br />Ela vive com tanto prazer<br />Quanto mais apanha<br />A ele tem amizade<br />Longe dele tem saudade<br /><br />Ela briga com o malandro<br />Enraivecida, manda ele andar<br />Ele se aborrece e desaparece<br />Ela sente saudade<br />E vai procurar<br /><br />Mulher de malandro sabe ser<br />Carinhosa de verdade<br />Ela vive com tanto prazer<br />Quanto mais apanha<br />A ele tem amizade<br />Longe dele tem saudade<br /><br />Muitas vezes<br />Ela chora<br />Mas não despreza o amor que tem<br />Sempre apanhando e se lastimando<br />E perto do malandro<br />Se sente bem</span></span></div>
</div>
Edu Françahttp://www.blogger.com/profile/04262861306801118430noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20502444.post-5823296719117003452015-07-28T20:39:00.001-03:002015-07-28T20:39:14.957-03:00O HOMEM NO FIM DO INFERNO<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="270" src="https://www.youtube.com/embed/SXN0_cPyvAk" width="480"></iframe><br />
<br />
http://server01.contadorwap.com/cont.php?v=pre&id=104401&s=3&tipo=grafico&zone=0&nocache=0.4091949167859488&refer=&sc=800x600x24&lan=pt&pagi=.%3A%3AGARDENAL%20COM%20PINGA%3A%3A.%3A%20Dezembro%202005&co=trueAnonymousnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20502444.post-84778370182755462892015-06-18T12:53:00.003-03:002015-06-18T13:59:42.724-03:00LANÇAMENTO DO LIVRO O FIM DO INFERNO<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-XFqE2sSfNYM/VYLons08YmI/AAAAAAAAG-8/8K1g_gpFiR0/s1600/folder%2Bem%2Buso.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="http://4.bp.blogspot.com/-XFqE2sSfNYM/VYLons08YmI/AAAAAAAAG-8/8K1g_gpFiR0/s640/folder%2Bem%2Buso.jpg" width="462" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div data-referrer="event_owners_info" id="event_owners_info" style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: #e9eaed; color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 12px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 9.18857097625732px; orphans: auto; text-align: left; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 1; word-spacing: 0px;">
</div>
<div data-referrer="event_wall" id="event_wall" style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: #e9eaed; color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 12px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 9.18857097625732px; orphans: auto; text-align: left; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 1; word-spacing: 0px;">
<div class="">
<div class="_5y52" data-referrer="pagelet_event_composer" id="pagelet_event_composer" style="margin-top: 14px;">
<div class="clearfix _3o7x" style="margin-bottom: 6px; zoom: 1;">
</div>
</div>
</div>
</div>
<br />
<div data-referrer="event_description" id="event_description" style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: #e9eaed; color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 12px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 9.18857097625732px; orphans: auto; text-align: left; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 1; word-spacing: 0px;">
<div class="_4-u2 _36i5 _4-u8" style="background-color: white; border-color: rgb(229, 230, 233) rgb(223, 224, 228) rgb(208, 209, 213); border-radius: 3px; border-style: solid; border-width: 1px; margin-bottom: 12px;">
<div class="_1w2q" style="padding: 12px;">
<span class="fsl" style="font-size: 14px;"><br /></span></div>
<h4 style="padding: 12px;">
<span class="fsl" style="font-size: 14px;">A pré venda do livro O Fim do Inferno começará dia 21, ao preço de 40 Reais com entrega para todo </span><span style="font-size: 14px; line-height: 9.18857097625732px;">o Brasil e exterior pelos correios. Na LIVRARIA CULTURA NO DIA DO EVENTO CUSTARÁ 56 REAIS</span><span class="fsl" style="font-size: 14px;"><br /></span><span class="fsl" style="font-size: 14px;">O DEPÓSITO DEVE SER FEITO NA CONTA DO BANCO DO BRASIL</span><span class="fsl" style="font-size: 14px;"><br /></span><span class="fsl" style="font-size: 14px;">AG. 1899-6 CONTA POUPANÇA 39508-0 VAR 51 TITULAR KELLY CAMARGO</span><span class="fsl" style="font-size: 14px;"><br /></span><span class="fsl" style="font-size: 14px;"><br /></span><span class="fsl" style="font-size: 14px;">As entregas começarão a ser feitas ao dia 22/06/15 pelos correios à cobrar, logo ao retirar o livro você pagará o frete correspondente à sua região. Depois de feito o depósito ou transferência peço que me enviem:</span><span class="fsl" style="font-size: 14px;"><br /></span><span class="fsl" style="font-size: 14px;">1 - Cópia do comprovante</span><span class="fsl" style="font-size: 14px;"><br /></span><span class="fsl" style="font-size: 14px;">2- Endereço completo, com número e andar do ap (se for o caso) E CEP</span><span class="fsl" style="font-size: 14px;"><br /></span><span class="fsl" style="font-size: 14px;">3 - Número de cópias desejadas</span><br />
<span class="fsl" style="font-size: 14px;"><br /></span>
<div class="cXenseParse" style="color: #666666; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14px; font-weight: normal; line-height: normal; vertical-align: inherit;">
<div style="font-size: 12px; line-height: 24px; vertical-align: inherit;">
Cinco histórias diferentes que começam em cinco cidades do mundo: Recife (BR), Guimarães (PT), Porto (PT), São Paulo (BR) e Paris (FR), cinco vidas que se ligam numa trama policial regada à culpa, ao ódio e à ganância. Vidas humanas de anti-heróis, pessoas com suas ânsias de viver num mundo onde ter é muito maior do que ser.</div>
</div>
<div class="cXenseParse" style="color: #666666; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14px; font-weight: normal; line-height: normal; vertical-align: inherit;">
<div style="font-size: 12px; line-height: 24px; vertical-align: inherit;">
A história é ligada ao roubo de 3 santos barrocos na cidade de Guimarães, numa fortuna em obras barrocas, que guiará uma corrida desenfreada no mercado de arte roubada de Paris. Um derrotado social, um taberneiro e artista plástico cínico, uma proxeneta traficante de seres humanos cruel e amarga, uma prostitua ambiciosa e ingênua e um estelionatário especialista em obras de arte roubadas e falsificação de documentos dão vida a esta ficção baseada em personagens reais, todos os personagens se entrelaçam numa relação de necessidade histórica. Nos meandros dessa história nasce um amor platônico entre um estelionatário e uma prostitua, dentro de um meio onde a beleza do sentimento não tem espaço, é uma flor que nasce no asfalto. Aves de rapina voando pela ganância, pela vaidade, pelo dinheiro num jogo letal onde a ingenuidade não tem vez!</div>
</div>
<span class="fsl" style="font-size: 14px;"></span><br />
<div class="cXenseParse" style="color: #666666; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14px; font-weight: normal; line-height: normal; vertical-align: inherit;">
<div style="font-size: 12px; line-height: 24px; vertical-align: inherit;">
Uma trama de leitura corrente, com uma narrativa escrita para reter o leitor ao livro, perseguindo a simplicidade ao máximo para, assim, abranger o maior número de leitores. O livro discorre sobre sentimentos humanos como culpa, ambição, amor, arrependimento e vontade de excelência num meio sem ética, sem moral e sem paz. Trata-se de forma simples, mas em abundância da história da arte, da prostituição, da falsificação de documentos, do tráfico humano na cidade de Paris. Um livro de forte emoção sobre sentimentos puros e resistentes, nascidos no inferno do sentimento humano, personagens humanos confirmando a tese de que todo mundo é bom e ninguém presta!</div>
</div>
</h4>
</div>
</div>
<br />Anonymousnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20502444.post-71083992004013358562015-06-18T12:48:00.000-03:002015-06-18T12:48:54.709-03:00Book trailer DO LIVRO O FIM DO INFERNO <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.blogger.com/video.g?token=AD6v5dzixqrEjkD2HIljLd68rk3zBPrIqqWaJ9pEK8-wUOoUK6zNNoPZr2vRxYWZQV0NJhtw2Hid3HgOalc' class='b-hbp-video b-uploaded' frameborder='0'></iframe></div>
<span style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 10.7200002670288px;"><br /></span>
<span style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 10.7200002670288px;"><br /></span>
<span style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 10.7200002670288px;">A pré venda do livro O Fim do Inferno começará dia 21, ao preço de 40 Reais com entrega para todo o Brasil e exterior pelos correios. Na LIVRARIA CULTURA NO DIA DO EVENTO CUSTARÁ 56 REAIS</span><br style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 10.7200002670288px;" /><span style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 10.7200002670288px;">O DEPÓSITO DEVE SER FEITO NA CONTA DO BANCO DO BRASIL</span><br style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 10.7200002670288px;" /><span style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 10.7200002670288px;">AG. 1899-6 CONTA POUPANÇA 39508-0 VAR 51 TITULAR KELLY CAMARGO</span><br style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 10.7200002670288px;" /><br style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 10.7200002670288px;" /><span style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 10.7200002670288px;">As entregas começarão a ser feitas ao dia 22/06/15 pelos correios à cobrar, logo ao retirar o livro você pagará o frete correspondente à sua região. Depois de feito o depósito ou transferência peço que me enviem:</span><br style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 10.7200002670288px;" /><span style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 10.7200002670288px;">1 - Cópia do comprovante</span><br style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 10.7200002670288px;" /><span style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 10.7200002670288px;">2- Endereço completo, com número e andar do ap (se for o caso) E CEP</span><br style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 10.7200002670288px;" /><span style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 10.7200002670288px;">3 - Número de cópias desejadas</span><br />
<div class="cXenseParse" style="background-color: white; color: #666666; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14px; vertical-align: inherit;">
<div style="font-size: 12px; line-height: 24px; vertical-align: inherit;">
Cinco histórias diferentes que começam em cinco cidades do mundo: Recife (BR), Guimarães (PT), Porto (PT), São Paulo (BR) e Paris (FR), cinco vidas que se ligam numa trama policial regada à culpa, ao ódio e à ganância. Vidas humanas de anti-heróis, pessoas com suas ânsias de viver num mundo onde ter é muito maior do que ser.</div>
</div>
<div class="cXenseParse" style="background-color: white; color: #666666; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14px; vertical-align: inherit;">
<div style="font-size: 12px; line-height: 24px; vertical-align: inherit;">
A história é ligada ao roubo de 3 santos barrocos na cidade de Guimarães, numa fortuna em obras barrocas, que guiará uma corrida desenfreada no mercado de arte roubada de Paris. Um derrotado social, um taberneiro e artista plástico cínico, uma proxeneta traficante de seres humanos cruel e amarga, uma prostitua ambiciosa e ingênua e um estelionatário especialista em obras de arte roubadas e falsificação de documentos dão vida a esta ficção baseada em personagens reais, todos os personagens se entrelaçam numa relação de necessidade histórica. Nos meandros dessa história nasce um amor platônico entre um estelionatário e uma prostitua, dentro de um meio onde a beleza do sentimento não tem espaço, é uma flor que nasce no asfalto. Aves de rapina voando pela ganância, pela vaidade, pelo dinheiro num jogo letal onde a ingenuidade não tem vez!</div>
</div>
<div class="cXenseParse" style="background-color: white; color: #666666; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14px; vertical-align: inherit;">
<div style="font-size: 12px; line-height: 24px; vertical-align: inherit;">
Uma trama de leitura corrente, com uma narrativa escrita para reter o leitor ao livro, perseguindo a simplicidade ao máximo para, assim, abranger o maior número de leitores. O livro discorre sobre sentimentos humanos como culpa, ambição, amor, arrependimento e vontade de excelência num meio sem ética, sem moral e sem paz. Trata-se de forma simples, mas em abundância da história da arte, da prostituição, da falsificação de documentos, do tráfico humano na cidade de Paris. Um livro de forte emoção sobre sentimentos puros e resistentes, nascidos no inferno do sentimento humano, personagens humanos confirmando a tese de que todo mundo é bom e ninguém presta!</div>
</div>
<span style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 10.7200002670288px;"><br /></span>
<span style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 10.7200002670288px;"><br /></span>Anonymousnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20502444.post-37526714550888979162015-04-20T19:53:00.002-03:002015-07-24T13:32:42.973-03:00A DITADURA DA FELICIDADE<div class="p1" style="text-align: justify;">
<span class="s1"> <span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> </span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6bTRjLxqfBbuJ6AxMFAkoABlElQUzoPwzT6iZJmWcpwx8ObhpubHS3pA-e097_gTcdXeUj2gw_eA2uufkK4FEa9FKwd4ES_tBkFRwX958W3ez1kY6L72R7-4OjPqz_CtcxToF/s1600/ser-o-que-nao-soua.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="348" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6bTRjLxqfBbuJ6AxMFAkoABlElQUzoPwzT6iZJmWcpwx8ObhpubHS3pA-e097_gTcdXeUj2gw_eA2uufkK4FEa9FKwd4ES_tBkFRwX958W3ez1kY6L72R7-4OjPqz_CtcxToF/s1600/ser-o-que-nao-soua.jpg" width="400" /></a></span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">"Desconfiem de gente feliz..."</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">"Se mente mais sobre felicidade do que sobre dinheiro..."</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">" Quem se diz em permanente felicidade não passa de um palhaço triste, abandonado e carente num circo vazio e falido..."</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"> </span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Felicidade é o que todo mundo quer ter, ou diz ter, e não sabe definir o que é. Vamos partir de pilares indiscutíveis da existência para falar de felicidade: somos seres em conflitos, instáveis, frágeis e estamos morrendo. Claro que não pensamos sobre isso o tempo todo, mas algo disso nos toca o tempo inteiro. Só um alienado mental pode ser feliz em tempo integral, sendo felicidade assim considerada como estado de plenitude da alma. No filme La Dolce Vita de Felline há o personagem do filósofo sueco que decide se matar porque se encontrou num estado total de plenitude, que é insuportável porque dá a sensação de que não há mais nada a fazer, logo a incompletude segundo Fellini é o que faz a vida continuar. Pascal dizia que a alma está sempre vazia e por isso é que corremos atrás de algo, mas da forma errada, então ele criou a teoria do Divertissment (diversão), no qual ele diz que não se buscar interiormente e, sobretudo, não se aceitar como se é nos faz de modo inconsciente querer apenas a diversão como fuga e foi profético quando ele disse que futuro seria dominado por lazer, barulho e juventude. Acertou completamente! Temos que ter barulho para não pensar, lazer para esquecer e tentar ser eternamente jovem para fugir da morte. A superficialidade do mundo pós-moderno tem uma mecânica daninha que funciona assim, propagação de felicidade sem definir o que é, ligada ao consumo e como apoio paralelo a psicanálise soft, que tenta impor os 10 passos para ser feliz, como uma pílula milagrosa ao invés de fazer o ser humano se mergulhar, se conhecer, conhecer suas fraquezas e medos e sobretudo reconhecer essas mesmas fraquezas e medos. Estamos envelhecendo, logo é a morte que está chegando, perdendo nossa estética, nosso poder de sedução e não há como lutar contra isso, há como aceitar e viver bem. Chega um momento em nossa vida em que se ela não aconteceu provavelmente não mais acontecerá, então a idéia de Pascal não é ruim, desde que não seja usada como fuga, mas como aproveitamento da maravilha que é viver.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"> Se mente mais sobre felicidade do que sobre dinheiro, o facebook é uma boa amostra disso, está todo mundo feliz, numa vida maravilhosa e expondo. Aí entra o paradoxo, se está tudo bem por que expor? Queremos no fundo atenção para não ficarmos sós, nesta geração solitária de si, que não se reconhece e o pouco que sabe de si rejeita! Não se rejeite, se conheça. Isso de que todo mundo tem quer se feliz me parece um produto em que é possível comprar em 36x no cartão sem juros com 2 anos de garantia; e cria uma pressão vital, todo mundo é feliz, logo eu também sou feliz, ou ao menos tenho que parecer. Isto me leva a contra-reforma católica, que estabelecia a felicidade no contrato de risco de ser feliz depois da morte, mas criou-se regras tão desumanas que a sociedade européia tentou seguir, mas como tudo que é utópico acaba assim, uma vez constatando que é impossível seguir aquilo estabelecido cai na hipocrisia, não consigo fazer, mas faço decanta que consigo e critico quem não consegue. Este conceito de felicidade de hoje, não por rigorosidade, mas por indefinição do que é se tornou a mesma coisa, eu tenho que ser feliz porque minha prima disse no facebook 85 vezes semana passada que é feliz. Só que isso não só não se sustenta como desaba muito rápido como método, o que ainda dentro de uma mecânica comercial é interessante para o mercado, a pessoa quando constata que a lógica de Joseph Goebbels (chefe da propaganda nazista), que dizia que uma mentira contada mil vezes se torna uma verdade, não vale para seu interior, ele implode, deprime e vira consumidor de droga farmacêutica. Quem se diz em permanente felicidade não passa de um palhaço triste, abandonado e carente num circo vazio e falido, além de ser um mentiroso. Bem viver e bem estar na vida é possível desde que a pessoa saiba quem é e que se aceite como é. Há o famigerado clichê: “não existe felicidade, mas momentos felizes”. Isso me parece o mais maduro que se pode falar sobre esse conceito tão líquido, mas sem esquecer que uma pessoa que passa 5 dias com prisão de ventre, no momento em que ela caga é de uma felicidade plena, mas se ela não investigar as razões de sua prisão de ventre será sempre assim: 5 dias de dor e padecimento para 30 segundos de felicidade. A vida pode ser muito melhor se for investigada à fundo, ao invés de ter que calçar um sapato 3 números menor para sofrer, retirar o sapato e ter a felicidade de volta pelo estado normal. Desconfiem de gente feliz, ainda mais de quem goza da publicidade dela, já que a sensação interna não precisa do badalo externo para existir. Viver é uma grande roubada, mas a idéia de felicidade tem duas armadilhas, assim como o desejo, ele te humilha quando você o quer e não consegue ou quando pensa que o conseguiu e não deseja mais. Viver bem passa por desejar o que não tem e enjoando do que foi conquistado para desenvolver outro desejo, logo a vida é, e será, sempre incompleta e isso é existir, pare de querer ser feliz e vá viver! A tirania da felicidade não faz ninguém feliz, mas criou uma geração de infelizes. A pletora da vida é a profusão de toda nossa confusão e assim essa tal idéia de felicidade se faz completamente inútil, porque ninguém precisa de uma monotonia de um estado espírito, pois essa idéia poderia ser facilmente substituída por diazepam e rivotril. Aceite nossas tragédias, viva e deixe viver porque a felicidade é aquilo que te pega quando você menos espera, numa tarde chuvosa e ordinária de terça feira!</span><br />
<div>
<br /></div>
Edu Françahttp://www.blogger.com/profile/04262861306801118430noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20502444.post-201912887825551042015-04-20T19:37:00.003-03:002015-04-20T19:37:57.077-03:00A ENTREVISTA DA TRAGÉDIA (Ou a virtude do cinismo na pós-modernidade)<div class="p1" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="s1"></span><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi4sEkAcPhMfUrACAJbYfUZj0bk2_x827tfKaoTnJRRn2PvC1lymF9sRk8P3Lq8uNpCydZzQCc3L8VtItGqQa8bh8nXQHISMn2pVY0_Yjp1dcUdej9TpjlovH0PfG7qtwLp3Pb4/s1600/19297_411027759053869_3826731650472867026_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi4sEkAcPhMfUrACAJbYfUZj0bk2_x827tfKaoTnJRRn2PvC1lymF9sRk8P3Lq8uNpCydZzQCc3L8VtItGqQa8bh8nXQHISMn2pVY0_Yjp1dcUdej9TpjlovH0PfG7qtwLp3Pb4/s1600/19297_411027759053869_3826731650472867026_n.jpg" height="400" width="400" /></a></div>
<div class="p2" style="text-align: justify;">
<span class="s1"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="Apple-tab-span"> </span>O Doutor iria se aposentar depois de 40 anos de reinado empresarial, acumulava fortuna invejável, adquirida nos seus domínios de bancos e empresas de comunicação. Empresário de mídia e avesso às aparições públicas, mas jamais esquecido pelo imprensa, que não passava um dia sem citar seu nome de modo pejorativo como personificação do mal. Em especial a jornalista Medeiros, que se dedicava a escrever longas páginas sobre as atividades comerciais do Doutor, com acusações e denúncias, mas uma insistência tão ferrenha que ele a convidou para dar sua última entrevista à frente do grupo.</span></span></div>
<div class="p2" style="text-align: justify;">
<span class="s1"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="Apple-tab-span"> </span>O escritório do Doutor era revestido de mármore, sóbrio, funcional e luxuoso sem ser fresco, muito amplo e visão panorâmica sobre a cidade, luzes claras sem agressividade e ele rodava sua caneta Mont Blanc, vestia uma camisa de botão branca, barba bem feita, um jeans e um tênis, até onde se sabe nunca usou um terno ou gravata.</span></span></div>
<div class="p2" style="text-align: justify;">
<span class="s1"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="Apple-tab-span"> </span>_ Seja bem vinda, sente-se por favor! Vou pedir café e água, deseja mais alguma coisa?</span></span></div>
<div class="p2" style="text-align: justify;">
<span class="s1"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="Apple-tab-span"> </span>_ Não, obrigada. - a jornalista estava intimidada por aquela figura ainda jovial para seus 65 anos e mais intimidada ainda pelo luxo, que tem esse poder sobre os menos habituados. Beberam seus cafés, ela tensa, ele analítico.</span></span></div>
<div class="p2" style="text-align: justify;">
<span class="s1"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="Apple-tab-span"> </span>_ Como a senhora pretende fazer a entrevista?</span></span></div>
<div class="p2" style="text-align: justify;">
<span class="s1"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="Apple-tab-span"> </span>_Gostaria de agradecer por ter me convidado em exclusividade, agradecer sua gentileza comigo. Pretendo gravar e editar depois, mas mando ante para sua aprovação, aliás já estou gravando! Poderia saber porquê de ter me chamado se não pedi a entrevista e sou, talvez, sua maior crítica?</span></span></div>
<div class="p2" style="text-align: justify;">
<span class="s1"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="Apple-tab-span"> </span>_ É minha maior crítica sim, mas nunca foi desonesta. Chamei exatamente por causa de sua fidelidade ao desamor, ao asco, à ojeriza por mim. Os outros foram incoerentes a longo da minha vida, elogiaram, praguejaram e até caluniaram, todos fizeram este ciclo repetitivo, menos a senhora, que sempre nutriu um combate odioso contra mim e contra aquilo que eu represento. Há em mim algo que é seu, a senhora não me combate, tem obsessão por mim. - o Doutor tinha um tom muito sereno e olhar muito firme, falava a Medeiros com a ternura de um pai.</span></span></div>
<div class="p2" style="text-align: justify;">
<span class="s1"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="Apple-tab-span"> </span>_ Não é pessoal, meu combate é àquilo que o senhor representa. Não leve pelo lado pessoal, eu sou comprometida com a verdade e nada mais…</span></span></div>
<div class="p2" style="text-align: justify;">
<span class="s1"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="Apple-tab-span"> </span>_ A senhora é o que Sartre chamava de náusea, alguém que está muito convencido do papel que disseram que ele representa. Só há uma verdade, vamos morrer. Todo resto são fabulações, conjecturas e falácias, fato concreto é a morte seja para mim seja para senhora!</span></span></div>
<div class="p2" style="text-align: justify;">
<span class="s1"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="Apple-tab-span"> </span>_ Doutor, o senhor tem noção da tragédia que dissemina nesta nação?</span></span></div>
<div class="p2" style="text-align: justify;">
<span class="s1"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="Apple-tab-span"> </span>_ Que nação, a sua ou a minha?</span></span></div>
<div class="p2" style="text-align: justify;">
<span class="s1"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="Apple-tab-span"> </span>_ Só há uma!</span></span></div>
<div class="p2" style="text-align: justify;">
<span class="s1"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="Apple-tab-span"> </span>_ Não! Minha nação são meus filhos, minha mulher, meus familiares (e nem todos) e meus funcionários. Minha nação vai muito bem, obrigado: meus filhos foram bem formados, me deram netos lindos, noras e genros que foram integrados às empresas, meus funcionários recebem entre 50 e 60% acima do piso nacional além de regalias como plano de previdência privada, plano de saúde. Já a sua eu não sei, nem me interessa, nunca me interessou. Não se ofenda, mas a senhora faz parte de uma geração que quer um mundo melhor, não come carne, abraça árvore, luta via facebook pelas baleias da Zâmbia e contra o fim da fome na África, faz sexo oral e escova os dentes, e no fundo não consegue constituir uma família harmônica, nem dormir sem crises de choro e calmantes. É a náusea sartriana, essa representação do papel que a sociedade dá a qualquer, quer no oco da reflexão só lhe cabe interpretar a si mesmo de forma caricaturada. Tragédia? A senhora sabe a tragédia que representa para uma outra jornalista que está desempregada e gostaria do seu lugar? Não, senhora nunca pensou nisso, ninguém pensa e pelo mesmo princípio eu não penso em quem perdeu dinheiro para eu poder ganhar. Tragédia vem da palavra grega ‘trago’, que quer dizer bode… </span></span></div>
<div class="p2" style="text-align: justify;">
<span class="s1"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="Apple-tab-span"> </span>_ E?</span></span></div>
<div class="p2" style="text-align: justify;">
<span class="s1"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="Apple-tab-span"> </span>_ Ansiedade cruel, calma! A palavra se formou em analogia ao bode que era sacrificado em adoração ao deus Dionísio, ser trágico é estar nalgum momento no lugar do bode prestes a ser morto. Por este princípio a tragédia é nascer. Todo esforço da literatura e e da filosofia provar que o mal nunca vence. Mentira, desde sempre o mal sempre triunfou. O problema é que os conceitos mudam com o sopro do vento, há 70 anos nos EUA um homossexual era a representação do mau e era cassado à morte, hoje fazem plano privado em banco de biotecnologia para comprar um filho, o qual escolherão a cor dos olhos e da pele, que será gerado numa mulher de aluguel e tem até representação parlamentar para isso. Eu fico com meu conceito do bom e mau.</span></span></div>
<div class="p2" style="text-align: justify;">
<span class="s1"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="Apple-tab-span"> </span>_ Esse seu egoísmo não lhe fere? E o senhor fala muito em filosofia para um empresário…</span></span></div>
<div class="p2" style="text-align: justify;">
<span class="s1"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="Apple-tab-span"> </span>_ Quer bem administrar? Estude filosofia, todo resto é técnica burocrática que se aprende, mas lidar com o ser humano não se aprende em cada esquina, nem é para qualquer um. O dinheiro está sempre na posse de um ser humano, você precisa passar por ele primeiro. Sobre o egoísmo, somos todos, vejamos pelo lado mais básico, há 200 mil anos fugíamos dos predadores para não sermos comidos, hoje para não passarmos fome e nisso: minha pele primeiro a do outro se ele for um cara legal!</span></span></div>
<div class="p2" style="text-align: justify;">
<span class="s1"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="Apple-tab-span"> </span>_ É por isso que o coletivo pode ser mais justo…</span></span></div>
<div class="p2" style="text-align: justify;">
<span class="s1"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="Apple-tab-span"> </span>_ O coletivo é uma piada, minha cara. Não existe coletivo, a não ser que haja a possibilidade de darem notícia de sua supostas "ações em prol do outro", o homem só se une na miséria e me dê um exemplo de onde e quando o coletivo triunfou? A senhora tem uma inocência fértil, mas que já não cabe nos seus trinta e poucos anos…</span></span></div>
<div class="p2" style="text-align: justify;">
<span class="s1"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="Apple-tab-span"> </span>_ Seu cinismo é mortal!</span></span></div>
<div class="p2" style="text-align: justify;">
<span class="s1"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="Apple-tab-span"> </span>_ Esqueça toda idéia religiosa de paraíso, você nasce, cresce e sofre, sabe que vai morrer sem mais nem porquê, mas não sabe a data, o que sobra para além do cinismo? A pós-modernidade formou 3 tipos de indivíduos: o indiferente, o cínico e o modal! Eu sou cínico na medida que a senhora é modal o leitor do seu jornal é indiferente. Diante dessa tragédia nos resta sermos indiferentes, o anestesiado por excelência; o cínico como eu, que ainda faz sua própria vida acontecer; e o modal, que precisa de causas para se sentir mais puro, "moralmente superior", mais espiritualizado, mais acima da média, não passa de um melancólico desesperado inconfessável, um egoísta que só se preocupa de fato com seu marketing pessoal.</span></span></div>
<div class="p2" style="text-align: justify;">
<span class="s1"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="Apple-tab-span"> </span>_ Eu vim pronta para arrancar sua pele, esperar sua recusa e lhe confrontar com fatos, mas me perdi. Confesso que tive vontade de lhe matar ao mesmo tempo de me compadecer com o humano que eu encontro, tudo ao mesmo tempo e neste momento. Eu não tenho mais condições de continuar essa entrevista…</span></span></div>
<div class="p2" style="text-align: justify;">
<span class="s1"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="Apple-tab-span"> </span>_ A senhora, dona Medeiros, está diante da tragédia de Aquiles. Ele teve dúvidas se deveria ir à campanha resgatar Helena ou ficar em Tróia e sua mãe lhe disse: ou a vida ou a glória! Ele escolheu a glória, se a senhora publicar a íntegra desse nosso papo encontrará a fama no seu meio, encontrará o reconhecimento dentro do seu micro espaço, porque outros empresários não lhe falarão, mas nessa sua causa modal a senhora será a maior de todas. Se editar de forma sóbria e moderada será mal vista no seu meio, mas abrirá portas em outras redações, alcançará até chefia nalgum jornal moderado ou conservador, pouca fama, mas uma vida estável e um sereno reconhecimento de quem poderá lhe proporcionar almoços mais fartos. Precisamos de segurança e liberdade para viver, ao longo da vida quando a segurança avança come a liberdade, quando a liberdade avança compromete a segurança, sempre. Hoje eu tenho a segurança que comprou minha liberdade, mas estou velho! É ou não para rir? Escolha dona Medeiros, ou glória ou vida, sabendo que ambos serão trágicos só pelo fato da senhora nunca saber como seria o caminho rejeitado. Escolha! - A jornalista levantou-se pronta a partir em desespero, não esperava que a conversa tomasse esse rumo tão profundo, seu coração pulsava com vigor e nem se despediu, quando tocou a maçaneta da porta o Doutor intercedeu: _ Lembre-se, o mal vence na mesma medida que o bem porque a vida não um conto de fadas da Disney!</span></span></div>
<div class="p2" style="text-align: justify;">
<span class="s1"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="Apple-tab-span"> </span>A entrevista nunca foi publicada, nem integral, nem parcialmente e vinte anos depois estava a jornalista flores no túmulo do Doutor com um bilhete que dizia assim:</span></span></div>
<div class="p3" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="s1"></span><br /></span></div>
<blockquote class="tr_bq" style="text-align: justify;">
<span class="s1"><i><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">“O senhor era o meu eu que dormia”</span></i></span></blockquote>
<div class="p3" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="s1"></span><br /></span></div>
<div class="p2" style="text-align: justify;">
<span class="s1"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="Apple-tab-span"> </span>O motorista interrompeu a cena e disse:</span></span></div>
<div class="p3" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="s1"></span><br /></span></div>
<br />
<blockquote class="tr_bq" style="text-align: justify;">
<span class="s1"><i><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">“Os acionistas de NY já estão na sala de reuniões, estamos atrasados, Doutora!”</span></i></span></blockquote>
Edu Françahttp://www.blogger.com/profile/04262861306801118430noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20502444.post-91307854315422507292015-04-15T23:02:00.001-03:002015-04-15T23:02:18.862-03:00PECADORA, Um Livro para Nelson Rodrigues<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhajtwSYAv-gt9Wi1VKNv6rrZ9C_t_ZYk8gq1DThNH11Cma1YT9y03xVkFm6jaVmBQLqIwGPCeb4vou0PPKYG9rZ28s6ojysRxpx1fIzdKDZmx8loxJiZkRpetE7XnUmErk6mrL/s1600/547625_529282497122972_1592382165_n_Fotor_Collage.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhajtwSYAv-gt9Wi1VKNv6rrZ9C_t_ZYk8gq1DThNH11Cma1YT9y03xVkFm6jaVmBQLqIwGPCeb4vou0PPKYG9rZ28s6ojysRxpx1fIzdKDZmx8loxJiZkRpetE7XnUmErk6mrL/s1600/547625_529282497122972_1592382165_n_Fotor_Collage.jpg" height="640" width="640" /></a></div>
<span aria-live="polite" class="fbPhotosPhotoCaption" data-ft="{"tn":"K"}" id="fbPhotoSnowliftCaption" style="background-color: white; color: #141823; display: inline; font-family: helvetica, arial, 'lucida grande', sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px; outline: none; width: auto;" tabindex="0"><span class="hasCaption"></span></span><br />
<div class="text_exposed_root text_exposed" id="id_552f168e783ab8d97096849" style="display: inline;">
<span class="text_exposed_show" style="display: inline;">UM PRESENTE PARA MEUS LEITORES<br />APRESENTAÇÃO DO LIVRO PECADORAS</span></div>
<div>
<div class="text_exposed_root text_exposed" style="display: inline;">
<span class="text_exposed_show" style="display: inline;">BAIXE O LIVRO </span></div>
</div>
<div>
<div class="text_exposed_root text_exposed" style="display: inline;">
<span class="text_exposed_show" style="display: inline;"><br /></span></div>
</div>
<div>
<div class="text_exposed_root text_exposed" style="display: inline;">
<span class="text_exposed_show" style="display: inline;"><a href="http://www.mediafire.com/view/eif8zi7436w0k04/Pecadora_CORRIGIDO.pdf?hc_location=ufi">AQUI</a><br /><br /><div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Eu gosto de gente doente. Gente que derrama seu eu por todos os cantos da vida e se catam em pedacinhos, por vezes perdem esses cacos no andar do ardor de viver, adoecem e não se curam nunca. Gosto de pessoas de pathos, de patologia, de paixão. Não escrevo para gente curada que tem equilíbrio emocional, controlada, contida, serena, boazinha, harmônica, passional na mesma medida que racional, ponderada, sensata, justa, vegetariana, vegana e modas afins, ecológica, politicamente correta, educada, que não fala palavrão, ama todo mundo e quer salvar o mundo. Também não escrevo para pessoas que abraçam árvores, que praticam religiões diet que não engordam o espírito e nem causam a experiência moral, não escrevo igualmente para quem pensa em resolver o mundo com jantares ‘cabecinhas’, agenda de poesia e sessão cinema iraniano em cineteatro alternativo; não escrevo também para quem acha que tudo é relativo e que dinheiro não tem valor. Eu escrevo para pessoas de verdade, que desejam apenas aproveitar a festa enquanto é tempo, que sabem da urgência de viver e que sobretudo não confundem sua pobre noção de moral com a minha. Escrevo para gente real!</span></div>
<span style="font-size: large;"><div style="text-align: justify;">
Este livro reúne 22 contos os quais escrevi em 2005 e 2006, nos quais a temática é sempre o pathos das relações e as mais variadas formas de viver um amor, sem modelos estereotipados, apenas relações que tinham a honestidade de serem como devem ser toda relação: não uma vontade de perfeição, mas a adaptação à imperfeição de amar um ser imperfeito. A constatação sempre antes e contra a invenção. Só há um autor brasileiro que fez este trabalho antes, Nelson Rodrigues, que entendeu que nós estávamos caminhando para o insuportável do amor: a interpretação virtuosa de quem não somos. Há casais que vivem décadas neste teatro tragicômico, onde ambos são atores de si e vivem suas taras, ânsias e frustrações no mais absoluto silêncio dos culpados. Dividem por décadas a mesma cama e morrem íntimos estranhos, que só uma prostituta ou um(a) amante foi capaz de fazer aquele corpo sem alma resplandecer uma vez na vida. O homem não se reinventa como querem nos fazer crer toda nossa filosofia de RH e MBA, a mudança humana é tão lenta, que as verdadeiras sequer nos damos conta. A mulher é o alvo dessa obra, porque ela consegue encarnar infinitamente melhor que o homem a dor, a agonia e alegria de viver. Não confesse nada, leia e veja aqui quantas relações assim, você leitor, já entrou e é incofessável porque até agora você a julgava como anormal. Amar é uma anormalidade, que de tão rotineira virou normal. Quem você ama detém sua liberdade até do pensar, porta a palavra que pode te destruir e a capacidade de te fazer voar. Façam a seguinte figura: você com uma coleira, por vezes sendo machucado, humilhado, subjugado e no minuto voando com as águias, isso é normal? Isso é amor! Ou seja, há mais anormalidade na nossa vida do que se pode imaginar, então leia estes contos e julguem se ainda assim tiverem a capacidade soberba da hipocrisia da memória seletiva, que nos faz recitos doces e fora da cadeia de violência sobre nossos amores. Nada é mais violento que uma paixão, mais devastador do psique que o amor e não vivemos sem, ou vivemos mal, logo o precisamos como algo inerente, precisamos da doença. Aceitem que um certo grau de desordem é necessário e quem diz que não o tem é porque já apodreceu de tal maneira que viu a doença, dela foi incapaz e optou pelo fingimento por hipocrisia ou desistência. Evite pessoas curadas, eu não entro num elevador com uma pessoa curada, são pessoas que fingem a dor e são monstruosas de perto. O surto é a cura, o fingimento é a manipulação da patologia, gente assim é perigosa, por essas e outras acho mais santa a adúltera promíscua que a moralista de igreja. Gente doente é o que mais se aproxima daquilo que se pode chamar de ser humano! Boa leitura.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Edu França</div>
</span></span></div>
</div>
Edu Françahttp://www.blogger.com/profile/04262861306801118430noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20502444.post-86722909296839499922015-02-02T18:53:00.002-03:002015-02-02T20:59:14.374-03:00CRÔNICAS DE MEAUX - O HOMEM DA MALA<div style="font-family: Helvetica; font-size: 11px;">
<span style="letter-spacing: 0.0px;">Palavras do autor:</span></div>
<div style="font-family: Helvetica;">
<span style="font-size: 11px; letter-spacing: 0px;"><span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span></span>Palavras do autor:<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEisMd7CMwQK_wnN4YWNjyB5HOBxbuzMRI98oZ5J1faxoaQjUrNHfWQerW4HsLr5OIAtlNLgZCFksvQ3je8Mnyx_Nl4sB1oc7yAywWYoWVPS9Z5D_a7s4ua5P5GcE3p-yUmNp0KR/s1600/loucura.jpg" imageanchor="1" style="font-size: 11px; margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEisMd7CMwQK_wnN4YWNjyB5HOBxbuzMRI98oZ5J1faxoaQjUrNHfWQerW4HsLr5OIAtlNLgZCFksvQ3je8Mnyx_Nl4sB1oc7yAywWYoWVPS9Z5D_a7s4ua5P5GcE3p-yUmNp0KR/s1600/loucura.jpg" height="480" width="640" /></a></div>
Estas crônicas não foram fáceis de escrever pois se trata de histórias reais dos detentos da prisão da cidade de Meaux, a uma hora de Paris. Coloquei-me como cronista apenas, sem julgar ou conceituar as barbáries que vi, quis apenas dar relato dessa face humana que se esconde atrás dos muros, muros dessa vez da prisão, mas todos temos nossos muros e prisões onde enjaulamos nossos monstros, nossas bestas de jardins pantanosos, inconfessáveis, mas vivas e por vezes regentes. Este trabalho não tem por objetivo conceituar ou definir, apenas cumprir a função primordial de um escritor: contar histórias e convidar o leitor à uma visita a um jardim secreto e desconhecido da sociedade, a prisão! Algumas histórias são indigestas, mas nosso mundo está longe de ser conto fantasioso e encantado, se não foi de fácil labor, creio que não será de leitura suave, mas depois destas histórias sua visão nunca mais será a mesma sobre este tema complexo e dividido. Estas histórias foram escritas ao longo 2009, 2010 e 2011. São 52 histórias que serão lançadas em livro em meados de Maio deste ano de 2015, o livro será lançado apenas em Ebook pela Amazon, mas durante 15 semanas teremos um encontro marcado toda segunda-feira aqui na internet onde publicarei uma crônica do livro por semana e quem se interessar pelo resto adquira o livro pela Amazon. Espero que gostem!<br />
Edu França<br />
<div style="font-size: 11px;">
<br /></div>
<div style="font-size: 11px;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: large;">HOMEM DA MALA
CRÔNICAS DE MEAUX </span></div>
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;"> Por baixo daquela pele branca como leite, dos olhos opacos e da aparência desprotegida de um jovem magro e doce se escondia a fúria! Ele corria no pátio como quem fugia de algo, de alguém, de um passado. Disparava em tiros largos de cem metros e eu o via se distanciar e seu tamanho se reduzir ao de uma criança. Ele me olhava como um menino e eu mantinha minha meu olhar curioso da janela dos visitantes, como quem observa animais de zoológico, só consigo correr em cadência curta, é o que permite meu joelho esquerdo, um problema que me acompanha desde os 15 anos. Há males de estimação, Frédéric o sabia bem, como eu!
A sua jovem vida foi tumultuada entre passagens depressivas e fugas memoráveis. Nos tremores da depressão preferia o escuro do seu quarto, nos fundos de uma casa no subúrbio de Paris; no despertar do degredo depressivo preferia a estrada como conselheira. Metia-se em destinos diferentes que não condizia com sua lógica e não raro se encontrava perdido ao meio de cidades distantes, longe qualquer lugar. Como de súbito, era levado à cama, como se o destino de Frédéric fosse eternamente voltar e acordar na sua cama, faminto e sedento, sem a mínima coragem de de perguntar à família quem o trouxera nem quando chegara à casa. O silêncio da família era substituído pelas lembranças afortunadas de viagens mirabolantes, como fez a Veneza ou Barcelona ou, mesmo, ao Teerã. A seguir lhe sucedia longos hiatos de confinamento, como a um guerreiro recuperando suas forças para a batalha seguinte. Dormia o sono dos justos até que um dia em que partia sem se dar à limitação de saber o destino. Orgulhava-se de não saber onde ia e desprezava o homem comum, avaro do seu tempo e do seus espaços milimetricamente controlados. E um dia foi parar em Dakar, viajou pelo deserto, abrigou-se como refugiado como foragido, bebeu da pouca água que havia e aprendeu o Islão. Fugiu católico de origem, voltou islamista radical, aprendeu o Corão e desmaiou de insolação depois de dias de estudo e elevação espiritual. Quando acordou estava alongado na sua cama em Seine de Saint-Denis, menos bronzeado do que esperava e sem sede, como sonhara; sentou-se e viu que suas pantufas estavam cruzadas como deixara na noite de sua partida há meses. Foi uma queda de 10 andares, como ser atingido por uma tonelada em queda livre. Frédéric constatou que havia alucinações.
Valente de si, guerreiro por excelência, tornou-se paranóico da realidade a procura todo o tempo do que era real o que transpunha o existente. Orgulhoso, resolveu tratar-se só e sem ajuda escorregou pelo caminho árduo da solidão contra alucinações, que para existirem como tal m aval exterior. A família há muito tempo se dera conta de qualquer coisa não ia bem com Frédéric, mas nossa sociedade não quer louco, preso ou viado na família. “Diferente” era o máximo que admitiam, porque ser diferente não exige consultas psiquiátricas, muito menos a má rotulação de doente mental. Lutou só, brigava com pessoas que não existia, conversava com alucinações e acreditava tratar-se ao seu modo, fazendo da loucura a cura. As viagens não cessaram, eram cada vez mais longas e distantes por países que Marco Pollo não sonharia. Por lá conheceu as mulheres mais belas, os autores desconhecidos do ocidente inculto, bebeu dos licores que o gosto profano do homem ordinário não é meritoso. Seus afundamentos depressivos eram escassos, esporádicos, um quando em quando que abriu seus olhos: a doença estava clara, ao alcance da sua mão, consciente de que tinha alucinações foi fácil localizar quais e onde eram-nas. Num inverno violento em que a depressão lhe impedia até de se banhar aspirou a felicidade de suas viagens e resolveu que a dor e o sofrimento é que eram alucinações, matou a charada como uma evidência óbvia, que só os cegos não eram capazes de ver e deitou-se a espera que a alucinação passasse. Revirou-se várias noites, amanheceu tantos dias em branco, a espera que a realidade lhe voltasse e nada. Inquietou-se das pernas e avançou por caminhos conhecidos seu pesadelo e por mais quilômetros que percorresse não se distanciava do seu delírio cada vez mais cruel. A cada investida frustrada seguiam-se sessões de pesadelos terríveis, como num em que uma mulher que se dizia sua mãe insistia para que tomasse injeções de uma sorte de veneno; seu pai, que assim se apresentava, berrava aos quatro ventos; seus ditos irmãos viravam-lhe o rosto como se fosse a um doente contagioso, o pesadelo queria aprisioná-lo para sempre no sofrimento, mas ele sabia que era filho da lua, irmão das estrelas e seu pai era o sol, nenhuma alucinação iria lhe roubar o senso do real, lutava em silêncio para manter sua sanidade, a gota que lhe restava. Um dia em que a realidade não veio agoniou-se como leão enjaulado, enfureceu-se de não estar onde deveria: vagando como um peregrino aos quatro cantos do mundo. O último amigo de lhe render uma visita, alegrou-se, este veio da vida real, já haviam partido em cruzadas juntos, como em Madagascar. “Eu nunca fui a Madagascar!”, isso não, as alucinações tomavam, agora, posse do muno real e ele gritou em vão, o amigo de longa data vinha com a história de venenos em forma de inações. Não, ele era uma alucinação, precisava sumir, agarrou numa faca e a meteu ao centro do coração, certo de que ele estava enganado e o amigo sangrou só para o persuadir. Tombou ao primeiro golpe, era uma esperança, agiu rápido, puxou uma grande mala que o acompanhava nas viagens e num espaço de 10 horas cortou o migo em pedaços pequenos, que coubessem na mala. Arranjou a limpeza e partiu para a viagem, levando o amigo embalado, com uma felicidade rara. Nenhuma alucinação prenderia àquele mundo de misérias. O delírio tinha ganho músculos e foi preso na Gare du Lest, quando policiais notaram que escorria sangue de mala deste passageiro perdido e sem destino. Foi largado a uma prisão-hospital psiquiátrico e foi obrigado à injeções de seu temido veneno, a seguir jogaram-no à Prisão de Meaux, onde eu o vejo, da janela do visitante, correndo a minha frente todo sábado de manhã, conversando com seu amigo morto, que segundo ele está lá ao seu lado, eu o olho com atenção e escuto seu monólogo.
Ele acredita tanto na sua realidade que chego a duvidar da minha me asseguro com furor: “Isso não é grave, Eduardo, quando o efeito da injeção passar voltaremos à realidade. Não dê atenção às alucinações”. E nisso me faço seu irmão, ambos desejamos que nossa realidade não passe de alucinações, porque sofrimento não é vida e não passa de um pesadelo deselegante!
Edu França, 19/05/10, Crônicas de Meaux</span></div>
<!-- Blogger automated replacement: "https://images-blogger-opensocial.googleusercontent.com/gadgets/proxy?url=http%3A%2F%2F4.bp.blogspot.com%2F-gXIfjGGG6js%2FVM_xsnmYGRI%2FAAAAAAAABTY%2FR9SVPB8WMlw%2Fs1600%2Floucura.jpg&container=blogger&gadget=a&rewriteMime=image%2F*" with "https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEisMd7CMwQK_wnN4YWNjyB5HOBxbuzMRI98oZ5J1faxoaQjUrNHfWQerW4HsLr5OIAtlNLgZCFksvQ3je8Mnyx_Nl4sB1oc7yAywWYoWVPS9Z5D_a7s4ua5P5GcE3p-yUmNp0KR/s1600/loucura.jpg" --><!-- Blogger automated replacement: "https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEisMd7CMwQK_wnN4YWNjyB5HOBxbuzMRI98oZ5J1faxoaQjUrNHfWQerW4HsLr5OIAtlNLgZCFksvQ3je8Mnyx_Nl4sB1oc7yAywWYoWVPS9Z5D_a7s4ua5P5GcE3p-yUmNp0KR/s1600/loucura.jpg" with "https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEisMd7CMwQK_wnN4YWNjyB5HOBxbuzMRI98oZ5J1faxoaQjUrNHfWQerW4HsLr5OIAtlNLgZCFksvQ3je8Mnyx_Nl4sB1oc7yAywWYoWVPS9Z5D_a7s4ua5P5GcE3p-yUmNp0KR/s1600/loucura.jpg" -->Edu Françahttp://www.blogger.com/profile/04262861306801118430noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20502444.post-67465708391182859992015-01-26T00:11:00.001-03:002015-01-26T00:11:57.661-03:00Veja a história, mas não veja a Veja!<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiM1C-THPztT1KF2VEjXfH9i3n7Id-nqP0Q9aerUVBY26RzUvPBVJZhgwakBGPh8-vcrAvR6OR-l8yndKJA-1QyvaRVlTTspXApf9KqbUDpkbAlHCH71heeknJQDzQ-wuCaQ-3q/s1600/1127.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiM1C-THPztT1KF2VEjXfH9i3n7Id-nqP0Q9aerUVBY26RzUvPBVJZhgwakBGPh8-vcrAvR6OR-l8yndKJA-1QyvaRVlTTspXApf9KqbUDpkbAlHCH71heeknJQDzQ-wuCaQ-3q/s1600/1127.jpg" height="320" width="248" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Veja o tempo<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Não sei porque
cargas d´água foi chegar às mãos de um francês um exemplar da revista Veja de
23 de Setembro de 1990. Ele me deu o exemplar para que entregasse a outro
brasileiro que nasceu em 1992, a revista já era um longo passado em 92, haja
vista o rebuliço histórico do Brasil e do mundo nestes dois anos de intervalo. Para
variar não me lembro o nome, embora cruze com ele quase todos os domingos; com
sorriso amarelo me preveniu que se tratava de uma revista antiga, mas ajudaria
o rapaz que estava detido e não falava francês, muito menos lia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Dizer que
adquiriu consciência lendo a Veja é o mesmo que dizer que encontrou filosofia
lendo Paulo Coelho, é aderir à filosofia do cocô e entrar no oba-oba da
unanimidade que assassina sempre a verdade enche de verdade o saudoso Paulo
Francis. Mas como efeito reverso esta Veja despertou consciência, são as
exceções que confirmam as regras. Não foi nenhuma gracinha escatológica de
Diogo Mainardi, que nesta época era Lulista, creio eu! Tampouco alguma matéria
que tivesse desnudado o rei, nada disso: uma edição ordinária, banal, mas que
me remontou ao ano de 1990, quando eu tinha 11 anos de idade e morava na Casa
Verde Baixa, periferia de São Paulo. Minha primeira história de desterro, que
para variar também não terminou bem, contudo é daquele tempo que surge minha
memória concreta, exata como uma linha do tempo. Nasci em 1979, desse ano deve
haver memórias primitivas do afeto materno, a década de 80 me recordo de
algumas dezenas de fatos marcantes, mas em flasch back, onde os anos se
misturam sem precisão até por volta de 87, 88, é um tempo bêbado, perdido nas
falhas da memória de uma criança. Mas de 89 para frente tudo me é claro como o
jantar de ontem, posso traçar minha biografia com exatidão de dias e meses sem
me enganar, e se me enganar é por mera má intensão tendenciosa a esconder
algumas coisas que não se deve – nem pode-se contar. Contudo não se preocupem
pois não vou fazer minha biografia, não infringiria tal sofrimento ao leitor
caridoso que me doa seu precioso tempo, tudo além disso é pretensão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">De cara o que
me chama atenção nesta edição da Veja é a publicidade, na contracapa há duas
páginas dedicadas ao Itaú, com o produto impensável nos idos de hoje: os
depósitos pré ou pós fixados e já a presença do vivíssimo IOF. Ainda no campo
bancário está o morto Bamerindos, na linha do ‘casa de ferreiro, espeto de pau’,
o banco esqueceu de fazer o seu próprio seguro de vida, o que custou ao banco
central 1,5 bilhões de reais corrigidos nos idos de 2002, quando o Brasil de
FHC deu uma aula ao mundo de como salvar a pele de banqueiro irresponsável e
desonesto, aula que foi bem usada pelos EUA e Europa em 2007. Não dá para fugir
ao eterno retorno de Nietzsche. Lá estava o cartão de crédito Visa, sempre
presente. Outro usurpador do dinheiro do trabalhador brasileiro estava
esbanjando força: o BMC, ostentando a melhor posição nos últimos 5 anos. Todos os
bancos são máximo de solidez e credibilidade até o dia da verdade, o BMC levou
o diabo sabe para onde 4,3 bilhões do seu bolso, é seu dinheiro meu caro. Mas nisso
há muito da vontade de ser enganado, porque em 92 a economia brasileira estava
no chão e o povo estava em pânico só de ouvir falar em banco, quem não se
lembra do doce confisco das poupanças de Collor?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Os eletroeletrônicos
são um parágrafo a parte; computadores paleolíticos, do cabeção como IBM,
orgulhosa de seu processador ES/9000, tecnologia tão ultrapassada que
simplesmente extinta. Lá estava o jurássico NV-J38BR da Panasonic. Não sabem do
que se trata? Então aqui vai parte da publicidade: “Com o original 4 cabeças
você obtém clareza, cor e detalhes; até quando você usa slow e still, e você
pode assistir a fita pal-europeu”. Era o todo poderoso vídeo cassete, boas
peças de museu. Hoje por pouco o espectador não entra dentro da tv. Alguém lembra
do dBase IV, Framework III, Applause II ou Datalógica? Eram os softwares de ponta
oferecidos pelo mercado, hoje mais obsoleto que qualquer calculadora chinesa. Francamente
estou me sentindo numa viagem ao passado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">A entrevista
de abertura é com o francês Étienne-Emile Baulieu, precursor da pílula do dia
seguinte, ainda chamada como pílula do aborto. Nisso, nós brasileiros, continuamos
os mesmos católicos mofados contra o aborto e tão irresponsáveis com a explosão
demográfica, sem o menor apoio de uma segurança social quebrada na emenda. Nas cartas
do leitor já estava o Paulo Coelho como alvo de críticas, ele é realmente um
mago para suportar 25 anos de críticas ferozes; falam nas cartas de salário
mínimo de 6000 cruzeiros, o dólar era 89 cruzeiros, ou seja o salário mínimo
era de 67 dólares. Hoje gira em torno de 307 dólares, quase cinco vezes mais! Ainda
pelas cartas diziam que Sadan Hussein ameaçava a paz mundial. Anos depois
falariam de armas químicas de destruição em massa e de um enforcamento na noite
de Natal, e mais na frente falarão de um Irã, que mais uma vez ameaça à paz
mundial. Após as cartas uma crônica de Jô Soares bem ao seu estilo, mais ou
menos. A seguir um anúncio de Portugal chamando investidores brasileiros. Hoje freta
aviões para expulsar os tupiniquins aspirantes ao travado sotaque lusitano. Na capa
Brasil há uma cena típica de pesadelos kafkianos: Collor recebe Maluf no
Planalto. Só testemunhar essa conversa teria dados 10 anos de cadeia. Também falam
de Renan Calheiros, mais cabeludo, amigo declarado do presidente e sem aquela
amante deliciosa. Há também acusações de enriquecimento ilícito em prefeituras,
coisas do passado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Collor é uma
figura midiática, ele atrai as câmeras, mesmo quando encena um boi bufento,
como recentemente num cordial com Pedro Simon; mas na revista, collorida até o
talo, ele também recebe Menguelle, alguém lembra dele? Ex-presidente da Cut,
que teve seu nome envolvido com coisas de quem não fez catequese. Na página
seguinte Lula, mal vestido, despenteado, com uma cara de quem bebeu até fechar
o bar. Muita coisa mudou! Na próxima página estava Collor fazendo uma pose de
inglês, se isso fosse suficiente para governar que maravilha viver”. Eu viro a
página, e? Zé-gotinha praticando o esporte predileto do presidente. Finalmente uma
boa matéria sobre a reunificação da Alemanha, que até hoje não conseguiu igualar
os desníveis das duas partes germânicas. Mais à frente dei com um encontro
raro: Maria Bethânia, então com 43 anos, gravou com João Gilberto, então 59
anos. São ícones que faziam e fazem o Brasil respirar uma vontade de
excelência.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Outra figura
do staf de luxo do presidente Collor era sua ministra namoradeira Zélia Cardoso
de Mello. Aparecia a primeira matéria sobre o namorico com o ministro Bernardo
Cabral. O amor é lindo e não acredita em superstições, o tempo mostraria que
mesmo feia a ministra tinha apetite voraz e relações extras conjugais não foi
privilégio dela, FHC teve um filho com uma jornalista da Globo, antes de Itamar
deus pulos, anos depois, nos EUA a estagiária de Bill Clinton provou que botou
a boca no trombone. Há pouco Sarkozy foi acusado de pegar uma de suas ministras
quando era presidente. Poder e sexo tem uma relação freudiana. Além desse caso
bizarro a matéria mostrava que em 9 meses afrente do ministério já tinha sido
beneficiada de 78 medidas provisórias. Aspiração ao autoritarismo? Não, era
falta de azimute!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Há uma matéria
muito bem feita sobre as memórias de Nikita Kruchev, comovente pela força e
coragem dessa declaração: “Meu tempo já se foi; estou muito cansado. Cheguei a
uma idade em que nada me resta para contemplar além do passado. Meu futuro é
apenas caminhar para o túmulo, não tenho medo da morrer – na verdade desejo
morrer. Minha situação é melancólica e tediosa. Mesmo assim agarro oportunidade
de expressar minhas opiniões uma última vez! A verdade nasce do choque de
ideias”. Primeiro me tocou pela dignidade desse homem face ao inevitável de
todos, a morte. Segundo pela própria contradição de contar suas memórias, mesmo
fadado à morte, como modo de dizer que ainda estava vivo. Achei lindo, é isso
que falta inadaptados de hoje, vovôs garotões, bancando o ridículo na
superficialidade de uma página branca.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">No campo da
economia era apenas o banco central comprando bancos estaduais, quebradíssimos,
e um galinheiro ciscando na maré de miséria que imperava no Brasil daquele ano.
O Uno Mille já era o carro mais vendido do Brasil, e a Veja o chamava de o
fusca da Fiat. Esta revista tem a necessidade de fazer comparações como forma
de facilitar a compreensão do seu leitor. Limitado por excelência. Começaram nesta
época as privatizações, nas coxas, de qualquer jeito, que no FHC acabou de
detonar e deixar o Brasil falido. O FMI pedia os atrasados, cobrava forte sob a
voz de Michel Camdessus. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">A cultura
estava com seu papel, os livros mais vendidos eram Brida, O Alquimista e Diário
de um Mago, do massacrante Paulo Coelho. Hoje quem vende mais livros no Brasil?
Paulo Coelho. Mas neste caderno há uma pérola, uma matéria chamada “Síndrome de
Marisa Monte”, em que a revista descreve-a assim: “Com gestos desajeitados,
repertório amalucado e um rosto lindo”, e vai mais longe: “... há a existência
de um milionário filão, chegam às lojas esta semana LPs de três novas Marisas:
Zélia Cristina, Selma Reis e Cássia Eller... Cássia Eller é a <br />
Mariza roqueira, Selma é a Marisa MPB, e há um Mariso, Edson Cordeiro, que
ainda não tem disco... Edson Cordeiro é mais fiel ao exemplo da Marisa... os
três LPs são agradáveis de se ouvir...”. Eu ri muito disso, foi coisas mais
estranhas que já li, um saco de gatos que nunca teve a ver, misturar e comparar
Marisa, Selma, Cássia e Edson equivale a misturar Gal Gosta, João Gordo, Ultraje
a Rigor e Vivaldi. Mais uma vez o tradutor de informação, a Veja sai rotulando
sem avaliar nada nem ninguém, com comparações grosseiras para enfiar o mingau
goela abaixo do leitor lerdinho. É bater toda preguiça cultural no
liquidificador e enfiar via colonoscopia no leitor. Quem não souber o que é colonoscopia,
aconselho pesquisar! Tartaruga Ninja era o lançamento do ano. Novidade até para
mim foi que Gabriel Garcia Marquez ministrou naquele ano vários cursos para
roteiristas em Cuba. Conhecia apenas a amizade entre o escritor e o ditador, a
matéria aparece numa série de reportagens sobre autores de novela pressionados
pelo avassalador sucesso da novela Pantanal. Declarações sobre o tema de Aguinaldo
Silva e Gilberto Braga, autor que gosto muito por sinal. E para terminar o
folhear desta viagem no tempo me deleito com o seguinte título na última
página: “O Eleitor é realista”, subtítulo: “O Clima da campanha de 1989 mostra
que os eleitores amadureceram”. Bastou mais um ano para vermos mais uma vez que
Veja não é confiável.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Nunca pensei
que seria tocado pela revista Veja, mas foi no fundo de minha alma, resgatou
meu passado e o começo de minha idade de consciência. Daqui de Paris, no meu
degredo voluntário, me diverti valente com essa análise acidental de um passado
acidentado que se nalguns pontos, manteve-se noutros e piorou em tantos outros,
apenas a Veja não vê o tempo passar, sofre do autismo voluntário, de
compreensão seletiva da história. Com a forte tendência que de tolo não há
nada. Recomendo a qualquer um fazer um regressão desse tipo, se agarre a uma
revista do seu passado e então você verá o tempo como algo concreto. Veja a história,
mas não veja a Veja!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Edu França</span><o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
Edu Françahttp://www.blogger.com/profile/04262861306801118430noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-20502444.post-43978871892548148702015-01-05T22:35:00.000-03:002015-01-05T22:35:35.764-03:00ABRAÇOS AO MEU LEITOR DA RÚSSIAGrande abraço ao meu leitor da Rússia, gostaria de saber quem é, por isso por favor me mande um amail para grupofranca@gmail.comAnonymousnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20502444.post-39085473455433882172014-09-28T21:12:00.003-03:002014-09-28T21:12:46.755-03:00MEU CORAÇÃO LUSITANO<br />
<div class="MsoNormal">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-EkzZbykozxQ/VCijXSFGAxI/AAAAAAAAA_w/FpPiJJIGLjA/s1600/download.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-EkzZbykozxQ/VCijXSFGAxI/AAAAAAAAA_w/FpPiJJIGLjA/s1600/download.jpg" height="320" width="305" /></a><span style="color: blue; font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-large;"><i><b>Meu coração lusitano não perdoa o que em mim é brasileiro.</b></i></span><span style="color: red; font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"> De
sorriso barato e confiança fácil, logo ele fechado em si e coberto pelo manto
escuro da viúva do marinho. Bate curto o sangue quente que não grita, guarda. Sofre,
porque disso vive e lamenta, porque é de
si o fazer como futuro. Não ambiciona, nem alarda, é de silêncio eloquente e
dores agudas. Não me suporta, como eu a ele! E lutamos ao nosso modo, sorrio e
ele chora, vivemos em contramão, quero a esquerda e diz que não vale a pena. Quis
a direita como união cardíaca, me que respondeu que não vale a pena. Enquanto
quero conquistar o mundo, ele desistiu. Mas ele pulsa, como eu continuo. Ele me fuzila quando aspiro ao mundo com olhos
grandes e desejo o liberalismo de todos os espíritos liberais juntos. Logo ele
atachado à pequeneza de pensar com seus limites geográficos, mínimos,
recalcados e fronteiras fechadas àquilo que é moderno. Diz esquisito ao que
chamo de abertura, de pouca seriedade aos que experimentam, eu chamo-os de
navegadores do futuro. Sussurra, à meia boca, que onde há muito riso há pouco
siso; eu gargalho alto, debochado, escrachado, irônico e sagaz, e chamo isto de
postura histórica. Ele me sabota, como toda grande matriarca portuguesa. Enquanto
anseio pela manhã, ele ronda as paredes do cemitério do ontem, que não voltará.
Eu me jogo, ele se senta; ele me dói como coisa minha imposta, eu lhe sufoco
como carne minha que possuo. Maltratamo-nos como único diálogo possível!</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="color: red; font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="color: red; font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"> Meu coração
lusitano gostaria de não existir, de tanta saudade que pena, de tanto
preconceito que carrega, de tanto fatalismo derrotista. Deu-se como derrotado
da luta que abdicou, confessou-se culpado manso de qualquer culpa disponível,
aceitou todos sub julgamentos com um sim
determinista. E disse não à revolução que se sentou à mesa, disse não à
rebeldia salvadora, virou as costas ao mundo que se denudava e não viu com bons
olhos a fome da vida. Eu me lambuzei na folia das orgias, gritei de fúria e
talento, articulei com mendigos, bacanas e bandidos, experimentei cada coçada
da minha curiosidade, desterrei-me e fui ao mundo trazendo, entre ônus e bônus,
os quilômetros que caminhei e as lembranças de noites brancas e realidades de
fumaça. Ele quase morreu, quase vivo, e pendurados no quase seguimos, entre o
que é mais genuíno no vão de um coração imposto e uma mente disposta!<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="color: red; font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"> Meu coração
lusitano é contemplador de relógio parado, de obra arcaica, de nau sem
esperança, de tesão barroco, de vergonha velada e hipocrisia cínica. Navega na
maré do lugar comum, onde os clichês imperam como um evangelho segundo a
estupidez conformada. Mexe e remexe na sua farda de moralista para que seja o
mais igual dos iguais, assim ele se sente bem e sem ameaças, adora os dias de
chuvas, de frio e feiuras do tipo, para se embrulhar em sim e encerrar qualquer
chama que o faça mover-se. É sofrido de passado, conjugado de presente e morto
de futuro, que procurou ninho no peito da rebeldia, que tem por princípio não
respeitar autoridades impostas, imposturas intelectuais, ortodoxias e regras
banais. Aninhou-se no olhos do furacão, no fio da navalha da curiosidade, do
desejo de sexo, ardências e outras coisas mais. Ele deitou-se perigosamente
religioso entre meus pecados capitais afetivo, que no meu corpo, meu templo
profano, exerço-os a todos com mestria;
para crises arrítmicas do meu coração adotivo. Rasteja entre serpentes e sente
o cheiro dos venenos, ruborizar-se com minha nudez crua, diária e explícita. Resolve
deixar-me por vezes, mas meu coração lusitano sabe que a loucura é a cura. E não
se vai, parte-se em mil, choca-se em sustos de adrenalina e se vicia na droga
da aventura. Odiamo-nos, amando-nos a contrário, entendendo-nos em contradições,
conversando pelo choque somos a perfeita comunhão entre o careta e o doidão! Comungamos
em nosso único, e exclusivo, dorso: vinho do porto; ébrios, reconhecemos que
meu coração lusitano é, pudicamente, tropicalista. E eu como brasileiro tenho
lá o meu direito de abrigar um coração lusitano!</span><o:p></o:p></div>
Anonymousnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20502444.post-60793832013078498692014-09-10T14:36:00.003-03:002014-09-10T14:38:08.934-03:00TORPOR DE SU´ALMA<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 91.6pt; text-align: justify;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-XX03WHH9VOQ/VBCL0P4xV7I/AAAAAAAAA_U/--CR3aboDLQ/s1600/Mulher%2Bchorando_Picasso.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><span style="color: black; font-size: large;"><b><i><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-XX03WHH9VOQ/VBCL0P4xV7I/AAAAAAAAA_U/--CR3aboDLQ/s1600/Mulher%2Bchorando_Picasso.jpg" height="320" width="262" /></i></b></span></a><span style="font-size: large;"><b><i> Calor,
calor e o suor agarrado à poeira que vinha de um batuque de maracatu</i></b></span>. <span style="color: #990000; font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Fugia pelos
becos de Olinda, lábios secos, nenhuma gota de água, matava sede no suor
salgado e o monstro de comer su´Alma aparecia em cada recôncavo e ria. De quem,
de quê? De onde vinha tanto axé? Desceu dos corpos em orgias pelo Carmo, numa
fedentina de mijo, gozo e vinho. Vômito e cenas escatológicas naquele carnaval
fora de época e não queria nada que não fosse água, serenidade e paz. Qual o
quê? Vinha outra vez a voz do tormento sem sexo, o rosto desfigurado dos
monstros fêmeas de Picasso, tudo e todos ébrios de si, dos outros e das
circunstâncias. Não para, não para, não para, era fêmea, isso ele sabia, mas
ela escorria pelos lamaçais horrendos, entrava em fossas e invadia canaletas e
não havia traço de sujeira em que não ouvisse sua voz ao fundo, sem identificar
ao certo, mas era feminina, era dela e dela ele tinha que fugir. Não estava
bêbado, não, nem drogado, mas ele via o que ninguém via e todos estavam
drogados de vinho ou derivados. Tentou
repetidas vezes falar, contar, queixar-se, mas a quem e de quê se o mundo
estava bêbado e ele que delirava desse monstro que roubava o último ar de
su´Alma. Não podia sentar, muito menos ali ficar, pegou um avião dentro de um
boteco que vendia pau-de-índio. Não bebeu, mas sabe-se lá, e ninguém quer
saber, fugiu de todos que estavam embriagados de vinho!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 91.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: #990000; font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"> Sem
descanso escorregou por uma fria Paris, ainda sujo e fétido da folia imediata,
foi controlado, porque gente suja não passa bem por essas bandas tão cheias de
virtudes. Todos eram iguais ao monstro de su´Alma, falavam em direito, comércio
concreto, expulsão, agonia de papel e desengano de ser em burocracia e
impressão. Jogo sujo de impressão e imagem projetada na embriaguez virtuosa, o
monstro cruzava o 14 ème, cruzava Saint-Michel, passeava ao 11 ème, e ele
corria a espera da sensatez que só aquele arquétipo cartesiano podia
proporcionar. Mas era na mesma proporção ébrio de seriedade e ninguém entendia
direito ninguém, e dessa vez ela aparecia em fotos oficiais, citadas em
discursos, e seu nome ele ouvia, não diretamente, mas sílabas finais e leituras
labiais em que ela fazia soar seu nome à surdina da condenação, pela
manipulação do seu derrotismo. Derrotismo também é tática de guerra! Ele era de
guerra, mas essa não era dele, ele não era de guerrear pelas causas dos outros,
ele queria apenas aquilo que o vinho não lhe deu, a salvação pela virtude. Não foi
virtuoso e seu inferno foi virtual-concreto de fugir desse monstro sem sossego,
sem apego, nocivo e indeciso do tamanho do mal, escorria de si para não mais
ver o monstro de su´Alma. Que não era de rezar, rezou e foi pior, inturido de
moral. Isso mesmo, inturidos, cheios da merda moral que obriga os pobres carneiros
irem para abate de sempre. Ele cagou nisso e com o coração saltando pela boca,
sujo ainda de Olinda, arrotado de vinho, sem beber um gole d´água, transpirando
e agora constipado de moral, fugiu de todos os embriagados de virtude!<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 91.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: #990000; font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"> Deu-se
no seu canto menor, onde havia livros de poesia, Pessoa, e toda uma leva boa,
mas em todos os rostos estavam o monstro de su´Alma. Ali, nas palavras, ele
queria apenas que algo o embriagasse para, assim, se ter ao meio dessa
sociedade bêbada. Deu-se ao deleite de escorrer palavras por um caderno
vagabundo: ave de rapina, Pomba Gira, Harpia, Vagaba, Vampira, Diaba da
modorra, anjo negro, mal incontido do desconhecido, febre que cospe sangue. Feito
assim sentiu a embriagues das palavras, vingou-se de si, monstro de su´Alma. Corria
pelo quarto, rodopiava em devaneios alucinantes, e o monstro de su´Alma vivia
nas fachadas aparentes de cada prédio, que sua micro janela lhe dava acesso. Ela
ria do seu desespero! Ela brincava com seu mal estar de ser-se. E quando
desaparecer lhe foi uma alternativa que a janela lhe propôs o monstro de
su´Alma fez uma cara de apreensão. Deu-se de contente, gritou às alturas, em
sua embriaguez de poesia, que a engoliria para cuspir depois. Deu-se de Deus e
entendeu a força de criador e criatura, fez-se de contente de saber, em
escapulida de controle do monstro, que ele nada mais era que uma de suas
criações atormentadas. Puxou um velho papel rabiscado, em Olinda ou Paris, e
viu uma tormenta em poesia que faltava o findar. Tirou o axé, quebrou encanto,
sujo, com sede, fétido a vinho, exausto de virtude e embriagado de poesia,
escreveu: eu a engulo para cuspir depois! Terminou o conto, bebeu água e
sentiu-se dono de si outra vez, matou o monstro de su´Alma, sem fugir de todos
embriagados de poesia. O monstro criado de si era apenas um conto mal terminado,
sabendo que sua energia a mantinha suspensa no ar. Era limpo e o torpor de su
´Alma , que, ali sem pé nem cabeça: morreu!</span><o:p></o:p></div>
Anonymousnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20502444.post-3127964794444540012014-09-02T21:45:00.001-03:002014-09-02T21:45:32.143-03:00O QUADRO<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br /><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-NcAoSgosxJs/VAZkQHo2cbI/AAAAAAAAA_E/jf5vDJCs4v4/s1600/picasso_grabado_subasta.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-NcAoSgosxJs/VAZkQHo2cbI/AAAAAAAAA_E/jf5vDJCs4v4/s1600/picasso_grabado_subasta.jpg" height="320" width="254" /></a> <span style="color: red; font-size: large;"><i><b>Só artista sabe o que ele quer dizer num quadro, e às vezes nem ele!</b></i></span> <span style="color: blue;">É a mais
enigmática das artes, todo o resto é gente dizendo qualquer coisa para parecer
inteligente. Clichês que vão do: ‘Brasil não anda´; até: ‘este quadro me
mostrou o outro lado do espelho’. Salvo que o outro lado do espelho, na maioria
dos casos, é um muro. Aos olhos de qualquer
crítico de arte ou de um leigo aquele quadro estava terminado. Não se tratava
de nada abstrato ou surrealista, que ninguém sabe nunca onde começa e (ou)
acaba a tela; era um retrato simples, com definições orgânicas, com composição
e de definições precisas quanto ao conceito. Qualquer ser humano alienado
olharia a tela e diria: é um retrato. O problema é que o artista totalmente e
não dava o retrato óbvio como acabado. Claro que os artistas pairam num universo
tridimensional, caminham pela metafísica e são poucos os momentos em que eles
olham uma pedra e enxergam uma pedra. São escarsos os que mantem uma ligação
regular com esse mundo chato de contas a pagar e satisfações a dar. Artista é
outra história, pintor, então, nem se fala!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: blue;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: blue;"> Todo
dilema de qualquer artista é essa conexão interrompida entre o mundo metafórico
e o mundo topada-no-dedo-medinho-sangrando. O quadro precisava ser entregue à
galeria ou não haveria exposição, mas o artista não encontrava um fim para o
retrato, que todos numa voz uníssona dizia que não havia o que acrescentar por
vaidade ou retocar por vergonha. Mas quem disse que artista vai pela maioria? Quem
precisa de maioria é político, à cabeça dos artistas falam seus “eus” perdidos
em seus mundos particulares e a fome. É,
na fome é o único momento que faz o artista tratar de data, prazo de entrega e
valor, transporte e comissão e outros detalhes que os tornam normal aos olhos
plurais. Mas o artista em questão não estava, ainda, nessa etapa delicada era
um herdeiro abastado que com seu espanador de dinheiro, que lhe caiu do céu,
afastava toda sorte de Marchand d´Art, urubus conceituais – mestres na arte de
convencer o artista de que ele é uma merda e ao mesmo tempo convencer o
comprador de que se trata de um gênio que explodirá a qualquer momento. É um
ofício e tanto, mas não tocava o artista em questão, que tinha, por instante, a
barriga forrada. A organizadora do evento ameaçou cancelar, pois o artista
deixou claro que sem o retrato todo
resto não poderia ser exposto, se tratava de uma coesão completa da obra em que
o retrato inacabado encabeçava o conjunto.
A asseguradora ameaçou de processo, reivindicando prejuízos e
interesses. Isto bloqueou sua criatividade, segundo o próprio, que ao avançar
do tempo de se afastava do retrato à medida que a pressão aumentava, ao ponto
que colou as placas, pifou! Stop e não saía mais nada.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: blue;"> O
maior patrocinador, que perderia a maior parte do investimento, rebelou-se,
logo esse tubarão das artes, que mantinha a fama de ser o carrasco do meio
cultural, os artistas preferiam uma crise criativa por tempo indeterminado a
por um problema, menor que fosse, a este gigante, representado por uma mulher
áspera como moro crespo. Aliás neste meio, normalmente, o gênio não é o
artista! A representante diante do bloqueio do artista, que considerava uma
viadagem sem precedente, propôs um encontro entre o artista, o mais respeitado
crítico de arte e artistas do mesmo quilate e uma colunista de arte de peso
nacional para debater o retrato encontrar em que ponto o artista bloqueou. O artista
gostou do mimo, aliás artistas, seguidamente, preferem mimos a dinheiro. O catedrático
foi prolixo, como cabe a todo catedrático, na ênfase de que o retrato tal como
estava era o complemento e jamais o incompleto, citou uma frase de Freud e
justificou o bloqueio. Fez seu papel com garbo, afinal foi bem pago para isso. Os
outros artistas queriam pegar carona no rabo do cometa, eles atolados de telas,
pedindo a todos os santos uma oportunidade de mostrar seu trabalho, uns até
chegaram a decadente situação de expor seu trabalho na calçada de suas casas;
foram sublimes nos elogios , mas carregavam nas tintas e o mimo virou
bajulação, um mais ousado chegou a comparar o retrato às sombras de Rubens e as
luzes de Caravaggio. Se tivesse ousado até Rubens tinha passado, mas Caravaggio
era demais para qualquer um. Azedou a maionese. O que sobrou num, faltou
noutros. O jornalista sucinto e claro: “Se trata de frescura de um artista com
excesso de oportunidades”. Balançou tudo, antes a bajulação, depois este soco no
estômago. Por fim a colunista veio à serenidade, escreveu algumas frases no seu
caderno enquanto todos falavam e tomou a palavra: “O que falta a este quadro é
ser exposto pra que o público descubra o que lhe falta. Essa ausência que
ninguém vê é o carro chefe de uma obra prima. Será um largo desperdício não o
expor!”. Tudo voltou ao ponto inicial, a incerteza do artista sobre a finalidade
da peça. Ele decidiu que não decidiria e que a qualquer momento a solução lhe
saltaria à mente. Sentia que a tal ausência lhe dará lugar aos traços que
faltavam. E foi com essa garantia maluca que o artista pendurou marchand, bancos,
galerias, jornais e o catedrático, sem
contar os colegas de profissão, que chamavam a dona da galeria a todo momento
propondo expor de graça, como mendigos do comércio da arte. Houve até quem
propusesse pagar para expor! Bom, enquanto a santa inspiração não vinha o
pessoal da técnica tinha que ir tratando do resto!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: blue;"> Começaram
a embalar as telas prontas com o zelo de um cirurgião. Havia técnico de transporte
de arte, motorista de mansa-carga, carpinteiros e os peões que carregavam nas
costas o peso do ateliê. Até que um carpinteiro parou diante da tela inacabada.
Ele nunca estudou arte, seu conhecimento no meio estava como uma bicicleta para
um peixe, mas ele rodeou a tela com grande indagação sentindo que faltava
alguma coisa, em momentos ele tomou em posição todo vazio do artista que
sucumbiu sua rudez e fez brotar a sensibilidade do carpinteiro bruto. Em meia
hora ele fez uma moldura impecável, instalou a tela e a carregou ao caminhão. Quando
o artista deu falta da tela incompleta deu chilique, ameaçou até suicídio, até
a dona da galeria se desculpou pelo engano do seu funcionário e mostrou ao artista
a tela inacabada com a moldura. Baixou uma certeza naquele corpo cheio de
dúvidas e o homem falou grosso: Tá pronta, só falta assinar! A dona da galeria
deu férias ao carpinteiro mais regalias, que nunca o faria. Quase teve um AVC
com toda essa história e antes do carpinteiro sair perguntou:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: blue;">_ O que o fez tocar numa tela de um
artista sem autorização, dou férias, mas poderia ser uma demissão com mais um
processo?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: blue;">_ Não, sei, ela estava vazia,
desprotegida. Ela estava vaga! Eu sempre arte inútil até sentir hoje o
inexplicável, que me comove até agora. Não há palavras, não há gesto, há um
sentimento e isso nem se afere nem define.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: blue;"> A
dona da galeria começou a estudar o mercado imobiliário porque, como todo mundo
sabe, artista é outra história e artista carpinteiro então!<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: blue;">Edu França</span><o:p></o:p></div>
Anonymousnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20502444.post-26347445983382376812014-08-23T22:01:00.000-03:002014-08-23T22:31:41.643-03:00A REDENÇÃO DE UM INFELIZ<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-SCSZdKeG3yM/U_k4_McGtzI/AAAAAAAAA-0/UuPb5Xnaxuc/s1600/faces-da-guerra.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-SCSZdKeG3yM/U_k4_McGtzI/AAAAAAAAA-0/UuPb5Xnaxuc/s1600/faces-da-guerra.jpg" height="245" width="320" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: red; font-size: x-large;"><b><i><span style="background: white; font-family: Arial, sans-serif; line-height: 115%;">_</span><span style="background-color: white; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 15.455999374389648px; text-align: left;">_Tou com saudades de você!</span></i></b></span><br />
<div style="background-color: white; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 15.455999374389648px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: left;">
<span style="color: red; font-size: x-large;"><b><i>_ Eu também estou com saudades de mim!</i></b></span></div>
<div style="background-color: white; color: #141823; font-size: 14.399999618530273px; line-height: 15.455999374389648px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: left;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Foi suficiente pra começar a moagem de si, a dessecação cartesiana de um corpo vivo e uma alma em coma!<br />Foi apenas abrir a garrafa de bebida pra destampar a fossa. O dinheiro tomou seu papel, botou uma roupa de gente grande, deu obrigações mil, só o dinheiro mesmo que não respondeu presente. Tome apartamento, condição e posição, e foi-se porque era de ir, como todo idiota. A pele do rosto já deu sinal cansaço, uma insônia de morte e uma angústia sem resposta. Aí começava o inferno!</span></div>
<div style="background-color: white; color: #141823; font-size: 14.399999618530273px; line-height: 15.455999374389648px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: left;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ele não queria ser esse cidadão de bem que paga imposto, faz compra do mês e honra compromisso bancário, pagar ao ladrão causa indigestão espiritual. E tome patrão, e tome pose e papo sem diálogo, e tome ejaculação sem orgasmos, e tome calmante, e uma trombose que viria mais cedo ou mais tarde. Ele se traiu ao meio do percurso de si, restou o que ele lembrou de si e do que sonhou pra si. Ele só queria ser um falsificador, um estelionatário e se dedicar ao colarinho branco de classe, mas não: de tão bandido fez-se honesto e virou um infeliz calado, aquelas infelicidades que só se vê na íris e em frases amarelas de sorriso de canto de boca. Quando pensou, sorriu de canto de boca!</span></div>
<div style="background-color: white; color: #141823; font-size: 14.399999618530273px; line-height: 15.455999374389648px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: left;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Chegou a hora, decidiu ele. Há um momento em que ou se joga tudo pra cima ou tudo de cima se joga sobre sua cabeça. Ele não tava triste, tava na mais perigoso dos estados de espíritos: a melancolia da serenidade reflexiva. É, perto dos 40 o homem decide de modo sentencioso se vai ser o idiota que a vida insiste que seja ou se ali, na última chance de se rebelar, tomará às rédias dessa besta feroz chamada vida e retardará aquele câncer enfartoso que o espera. Evite o câncer!<br />Seu coração não palpitava, nem sentia sua pressão agitada, uma paz de monastério e algo doce que salivava não sabe de onde. Rodopiou sobre toda moral que o pesou anos a fio de grilhões. Tão impraticável a moral na vida prática. Lembrou-se de cada crítica que recebeu sendo este idiota padrão vida social, ninguém presta aos olhos do fascismo social, bom moço ou bandido. O único conceito real é o gosto do arroto e a tontura do vinho. Não iria mais arrotar pão com manteiga.</span></div>
<div style="background-color: white; color: #141823; font-size: 14.399999618530273px; line-height: 15.455999374389648px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: left;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Fechou o último gole, viu seus diplomas, reviu as escrituras, cuspiu na face de todos que só exigiam que ele fosse quem ele nunca quis ser. Nunca sentiu um alívio tão profundo e em dez anos sentiu sono espontâneo, sem barbitúricos e drogas correlatas. Uma dor antiga no peito e no ombro sumiram. Respirou como há anos não fazia e assim foi fazer seus trambiques com classe, como sempre teve tanto talento! Antes ele reescreveu a mensagem motor de tudo, assim:</span></div>
<div style="background-color: white; color: #141823; font-size: 14.399999618530273px; line-height: 15.455999374389648px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: left;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">_ Agora já não sinto mais saudades de mim!</span></div>
<div style="background-color: white; color: #141823; font-size: 14.399999618530273px; line-height: 15.455999374389648px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: left;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E não foi nem mais nem menos feliz, só não foi mais um infeliz e assim danou-se nos trambiques com a seriedade de um cirurgião vascular. Gente que faz o que gosta e outro nível!</span></div>
<div style="background-color: white; color: #141823; font-size: 14.399999618530273px; line-height: 15.455999374389648px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: left;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Edu França</span></div>
</div>
Anonymousnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20502444.post-85859782565298220962014-06-01T23:30:00.001-03:002014-06-01T23:59:08.512-03:00FOTOGRAFIA 3X4<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-qskGt5dkZII/U4vhw-84zdI/AAAAAAAAA9g/hnOg-k7x_sc/s1600/e7qrewr3epkyzg2tc3452yhbu.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-qskGt5dkZII/U4vhw-84zdI/AAAAAAAAA9g/hnOg-k7x_sc/s1600/e7qrewr3epkyzg2tc3452yhbu.jpg" height="200" width="320" /></a><br />
<span style="color: red; font-size: x-large;">Fios de cabelos cumpridos</span><span style="color: #0000ee;"> </span>e tingidos de loiros, que mostravam pontas brancas. Fios grossos que tocavam o ombro, mal cuidados e domesticados à força de um creme barato; pontas quebradas e forte nostalgia de cuidados. Sobre a testa três fissuras, como caminhos abertos em montanha por água e pelo vento. Rugas de expressão abertas pela erosão do tempo. Uma pele flácida com pontinhas de despigmentação iam até sobrancelhas feitas milimetricamente, nas pálpebras gritavam um verde com brilhos até os cílios, também feitos com rigor. As laterais dos olhos castanhos e pequenos eram protegidas por pele sobre pele, formando muitos caminhos de escorrer lágrimas, tentados disfarçar com quilos e quilos de blache. Os olhos cansados continuavam com contorno de lápis preto, que agora repousava sobre duas bolsas de pele, as quais tentava amenizar, em vão, com um pó colorido. O nariz ainda era aquele afilado que lhe dava ar de maestria. As bochechas caiam de leve sobre os lábios rouge-carnin. Lábios finos que escondiam um sorriso amarelo de cigarro, sorriso cada dia mais raro. Corpo delgado, em pele mole, de magreza natural e pele do fatalismo temporal, escondido em roupas mais compostas para que o flagelo do tempo não fosse tão exposto. Nas mãos, já engelhadas, um copo de cerveja, na outra uma fotografia 3x4. Dedos finos, de unhas grandes esmaltadas de vermelho-sangue, por onde um cigarro dançava, acendendo o próximo na brasa do anterior. Sentada num banco de madeira sem encosto a face de uma BR 101 observava os caminhões passarem nas suas pressas de morte. Hábito antigo de observar pontos de luzes que vinham ao seu encontro na escuridão. Como esperanças que iam e vinham sem cessar!<br />
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Uma bela canção dos velhos tempos jogou-a trinta anos atrás, no tempo do riso fácil, que vinha de uma alegria singela sem origem. De uma beleza que vivia da cobiça, quanto mais cobiçada mais beleza exalava, mais homens seduzia. Bailava no salão com o ego que devorava o mel dos olhos alheios. Bailava como uma rainha, na inveja das outras tripudiava e se dava ao luxo de escolher com que homem, morte de desejo, deitaria. Da primeira promessa de amor que acreditou lhe restou apenas uma criança no colo, a qual deu a um caminhoneiro, nunca mais o viu! A primeira criança de tantas que dera e que tiveram a sorte de nascer, porque outras mais se foram em chás de curandeiras, que só exigia um dia de repouso. Lembrava exatamente do homem que amou e a vez que lhe recusou o pagamento para se deitar, como prova de amor genuíno. Maldita canção! Planejaram a vida, marcaram todas as datas, abusaram de todas as ilusões e o selo desse amor se chamava Luíza. No dia de partir acordou tarde e no berço da princesa de olhos azuis tinha apenas um bilhete que dizia assim: “Foi melhor desta forma”. Morreram as ilusões, morreu o amor, daí em diante a vida foi apenas uma noite, de copo em copo, de cigarro aceso no outro, sem intermédio do dia, de cama em cama, de corpo em corpo. E a velha canção não acabava, assim como a vida que teimava, desde os tempos em que era conhecida como a ‘moça de vender prazer’.<br />
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Os olhos encharcados d´água derrubavam a maquiagem, os casais do lado riam distraídos, e ela olhava a fotografia 3x4. Os carros se apressavam com seus faróis altos e e rosnando os vento pela velocidade. Velocidade que o tempo se encarregou de diminuir e hoje restou alguns poucos clientes que se deitavam, não por prazer, mas por pena, em nome dos velhos tempos, para ajudar uma conhecida em dificuldade. Mas naquela noite não, eram clientes novos e ela, na sua sabedoria de velha meretriz, conhecia seu lugar. Fumando e bebendo, distante e esperando o tempo passar só; como disse certa vez “quando meu amor se foi, eu não fiquei só, eu continuei só”. E as lembranças brotavam como sarampo. Ao mesmo tempo guiadas pela música que parecia eterna e reboque de uma vida enterrada. Beira de estrada foi sua segunda casa, seu exílio quando já não tinha os verdes anos dos bordeis chiques. Chorava sem controle, um choro doído e silencioso como a noite e é difícil dizer se era de vida ou de morte, certo que era choro de existir. Sem se importar com a maquiagem desfeita, que lhe fazia personagem de ópera trágica, admitia no choro consternado que o tempo bandido é uma máquina de fazer monstros toda vez que se olhava com 20 anos na fotografia 3x4, tudo que lhe restara de uma vida. E a canção acabou. E foi dali que descobriu que não há solidão mais profunda nem mais eloquente que o de uma puta velha!<br />
<div>
<br /></div>
</div>
Anonymousnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20502444.post-47859705133272729942014-05-18T10:49:00.002-03:002014-05-18T10:49:37.645-03:00AMOR, NÃO CHORE PORQUE AMOR NÃO CHORA<br />
<div class="MsoNormal">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-McXxcYA3Ag0/U3i5qf3INsI/AAAAAAAAA9I/IGACg-izGRQ/s1600/10295779_723794237671796_8810769785396610259_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-McXxcYA3Ag0/U3i5qf3INsI/AAAAAAAAA9I/IGACg-izGRQ/s1600/10295779_723794237671796_8810769785396610259_n.jpg" height="240" width="320" /></a><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="line-height: 115%;"><span style="color: red; font-size: x-large;"><i><b>Amor, não
chora!</b></i></span></span><span style="font-size: large; line-height: 115%;"> Inverte o olhar e conta as horas para trás, aprende a contar os dias de
forma decrescente, assim cada dia a mais se converte em mais um dia a menos,
ajusta teu caminho à estrada de andar juntos e não alimenta a utopia de que
acabaram as encruzilhadas de levar à ruas sem saídas ou becos lamacentos. Não,
elas brotarão como sarampo até o último minuto de explosão da máquina cardíaca,
um dia o tempo de todos vai parar, com uma escolha por fazer. A graça da vida é
terminar incompleta e saborear cada acerto que se errou, pois a cartilha das
escolhas certas é uma maldição que nem o pior dos homens merece. E repare que
procurar é melhor que encontrar, no entanto veja que não é o caminho que faz os
pés; não se inquiete porque eles, que levaram, são os mesmos que trarão. Também
não pense que tudo vai ser como era antes. Jamais! Vai ser melhor, porque o bom
da vida é amanhã com suas surpresas esplêndidas, com seus tombos épicos; com
suas cenas dramáticas de erguer heróis ou atos patéticos de converter heróis em
canastrões ridículos, dentro dos seus minidramas particulares e de uma
tragicomédia coletiva. Este é o teatro da manhã, ontem é velho, fadonho,
mofado, ontem é antropologia com suas marcas inalteráveis, seus fatos
rotulantes, com sua remoagem constante, que só geram poeira de espirrar. Está
no ontem as máscaras caídas, os reis nus, as manchas incontornáveis, os
imperadores do nada; e está também, é verdade, algum riso velho, algumas
alegrias, histórias e toda a matéria prima de fazer futuro, mas de modo algum
pode ser melhor que o amanhã que virá. A sentença da inalterabilidade dos fatos
já faz do ontem o pior da vida, porque não há homem, por mais orgulhoso, que
não desejasse retocar, no mais absoluto sigilo, sua pintura pessoal se assim
fosse possível. Como não é, desejar o ontem é condenar-se a ser um palhaço de
Fernando Pessoa, a procura de uma porta ao pé de uma parede sem porta; ou condenar-se
a ser um bibelô neurótico de Kafka, a procura eterna de um juiz inalcançável,
para provar sua inocência num crime que jamais existiu; ou condenar-se, ainda,
à vítima masoquista de Dostoievski, corroído pelo ácido da culpa por uma vida
inteira. O por vir será sempre melhor, por isso espera, porque o tempo é de
esperança!</span></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: large;">Brinca de
deusa e descarta os dias, como numa poesia se retira a palavra a mais. Rouba um
pouquinho, marca dois dias a menos de uma só vez, esqueça-se de propósito de
marcar dias seguidos, só para brincar de poder alterar a inexorável marcha do
tempo. Eufemismos e ilusões são como bombons, em pequenas quantidades não fazem
mal a ninguém e só adoçam a vida. Não faça atenção à algema que aperta o pulso,
olhe o céu, sem muros, sem barreiras, sem grades. E não se iluda, só existe uma
liberdade: a de ser-se e aceitar-se tal como os meandros da vida o fez, fora
disso tudo é aprisionamento. O cativeiro voluntário que cada um escolhe
apressado, porque a liberdade queima como uma batata quente nas mãos.
Prisioneiros da expectativa familiar, que gera primeira prisão, a da postura;
depois a prisão das doutrinas catedráticas, profissionais ou religiosas. Por
vezes, não ter a perder é a grande fortuna de um homem. Por último, a prisão
mais antiga e mais em moda da sociedade contemporânea, o aprisionamento na
imagem que refletem de si ao outro; escravos de si mesmo, vivendo de acordo com
os ditames que criaram e enforcando-se dia-a-dia para corresponder aquilo que
gostariam de ser, ou ao menos, gostariam que pensassem que eram. Envie os
mandarins do mundo para achar um homem livre de verdade, voltarão com um
punhado insignificante. A vida humana nunca esteve tão próxima do cinema, na
imagem projetada da mentira do que eu sou convivendo com a mentira da aparência
do que você é. Para longe tudo isso. Assim o homem segue passo lento, pesado
pelas correntes, que arrastam nos mais variados tipos encarceramentos. Um
casamento que rasteja, um trabalho obrigado, os sonhos devorados, obesidade
galopante, dívidas sufocantes, escolhas podadas, ambição cega, egocentrismo
efusivo, hipocrisia religioso e por aí segue uma infinidade de modos
aprisionamento voluntário, os quais o homem, na sua covardia habitual,
responsabiliza a deus ou ao fatalismo histórico. Ninguém tenta ser-se, e os
mandarins do mundo trarão, ao invés de homens livres, pipoca para assistirem o
filme de argumento fraco, direção desleixada, montagem amadora, que conta a
história de heróis farsantes, aspirantes a guerreiros de aparência cotidiana;
verdadeiros canastrões que desejavam projetar uma imagem mesclada de Aquiles e
Aristóteles Onassis e, no entanto, protagonizaram cenas a Jerry Lewis e Mister
Bin. Nestes vãos não resta liberdade, resta apenas o sentimento de vingança
perigoso na legião de contrariados, que despejam bons dias forçados e sorrisos
mecânicos. Isto soa como qualquer coisa infernal. Por isso deleite-se nas
pequenas e doces ilusões prazerosas, e sorria de contentamento por saber que
não tem parte neste lixo cotidiano.<o:p></o:p></span></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: large;">Te manso o
tempo vai passando como o correr dos olhos nas palavras deste texto e com
privilegio de sentir saudade do futuro; que vira, por mais ambicioso que fosse
o ditador, nenhum conseguiu acelerar a retardar o tempo de um segundo. E na
justiça do tempo minguante que está o reencontro; o melhor de partir é voltar,
e voltar muitas vezes, de forma diversa, para saber só de um amor. Olhar outra
vez os caminhos, encontrar outras saídas, perder-se outras vezes de modo
diferente, erguer-se sobre a base sólida de ser-se, amar e ser amado e só
assim, contrariando os contrariados, manter-se vivo sempre. Eu volto um dia,
por isso: Amor, não chora porque amor não chora. Feche a porta do mundo que um
mandarim vai me levar até você!</span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"> </span></span><o:p></o:p></div>
Anonymousnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20502444.post-91711785773634960352014-02-10T23:39:00.001-03:002014-02-17T22:18:00.656-03:00HARPIA - Contos Fora da Minha Pele<div class="MsoNormal">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbW-5rMucPwh9fUoQ4c3ALdGNnOWkRiNbo9PKFktT6cW2n-jWwgJDe6j4g0sETcPkiK2h8o2gTG5cai6JWF1puAd-M_9BURlHa3K36mS6AwLYtF7h8urWWgL5JvaHEobKbKJME/s1600/Harpias+0002+www.templodeapolo.net.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbW-5rMucPwh9fUoQ4c3ALdGNnOWkRiNbo9PKFktT6cW2n-jWwgJDe6j4g0sETcPkiK2h8o2gTG5cai6JWF1puAd-M_9BURlHa3K36mS6AwLYtF7h8urWWgL5JvaHEobKbKJME/s1600/Harpias+0002+www.templodeapolo.net.jpg" /></span></a><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span style="color: red; font-size: x-large;"><i>Um corpo caiu dilacerado sobre minha cama.</i></span><span style="font-size: large;"> </span><span style="color: #333333; font-size: large;"><span style="line-height: 14.35200023651123px;">Membros fragmentados, fraturas expostas e muito sangue espalhado pelas paredes; estava irreconhecível seu sexo, seria uma mulher, ao menos pelos mamilos que continuaram intactos, seu rosto estava desfigurado, uma pasta de sangue e ossos expostos num espetáculo de terror. Caiu do décimo andar sobre minha cama aquele quase cadáver, que não morria nem reagia, apenas soltava leves suspiros de morte com gofos de sangue. Eu queria que ela morresse, mas seus mamilos me diziam não! Não chamei socorro, de fato eu queria que ela morresse. Eu estava nu e quem acreditaria que ela caiu do décimo andar sem quebrar meu teto. Mas era verdade, só que nem sempre a verdade é credível, preferia passar por assassino que por mentiroso. Esperei ela morrer, mas ainda suspirava. Quem iria limpar minhas paredes? Preocupava-me mais isso do que o corpo que agonizava. Bom, mas se não morria, que ao menos saísse dali. Meu quarto, eu não convido cadáveres pra me ver nu! No meu tato sem trato tentei tocar suave onde não houvesse sangue, sangue só os das minhas mulheres. Toquei seu seio e senti um arrepio, só podia ser de dor, quase morto não se excita, acho eu, que entendo pouco de morte, mas o seu nariz reconstituiu-se e a hemorragia facial estancou. Nesse momento eu quis, como nunca, ser o quase morto. E continuava desejando que ela morresse e não que viesse a se recuperar, me pouparia o trabalho de socorrer e ficar plantado num hospital dando explicação sobre uma suicida invasora, mas a minha parede suja me fazia continuar. Subi as pontas dos dedos ao pescoço, como quem toca a insustentável delicadeza, que ela morresse sim, mas sem minha crueldade. Sua boca se refez! Deveria ter corrido, mas fazia apenas uma semana que havia pintado a parede. Seus dentes se realinharam e eu não tinha usado nenhuma droga! Tentei falar ao seu ouvido, sussurrando, onde a fala sai no calor da respiração, suas fraturas nos braços sumiram. Me dei de contente, mesmo absurdo e tudo parecendo um delírio de uma febre terçã eu precisava tirá-la do meu quarto. Que trabalho imenso eu me dava, se era tão simples ela apenas morrer como qualquer pessoa que despenca do décimo andar! Foi a primeira vez que tive a impressão de que iria vomitar o coração. Já não havia opção, ela não morreria e a culpa era toda minha, empatador de suicídio. Dei de deslizar meu toque suave por suas costelas e suas pernas já não eram quebradas. Bom, já não tinha hemorragia, não havia braços quebrados e suas pernas estavam inteiras. Mas por que ela estava nua, assim como eu? Eu estava tonto, apenas tonto. Fiz uma pausa ainda na esperança daquilo ser apenas a última reação da moribunda.</span></span></span><br />
<span style="color: #333333; font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><span style="line-height: 14.35200023651123px;">Toquei suas coxas e seus olhos se abriram, o sangue que jorrava deles já não existia, deu lugar a belos olhos vivos e verdes, tentei falar mas não senti reação, ela continuava pálida e a porra da minha parede toda suja de sangue. Já não estava para brincadeira e agora valia tudo, não por ela, que digo e repito: queria que morresse; mas pela minha parede. Ousei no toque, dedilhei sua virilha e senti os rasos pelos de buceta recém-raspada. Que mulher raspa a buceta pra se matar? Pouco me importava as milhares de questões que vinham num turbilhão de aspectos, e quão louco era eu de importar com a estética da tragédia! Num ato de desespero toquei seu clitores, estava pouco me importando se iria parecer necrofilia, afinal nem morta ela estava e minha parede continuava suja. Para quem seria acusado de homicídio por causa de uma suicida ressuscitante, necrofilia só enriqueceria meu currículo. De súbito o sangue esporrado na parede reagrupava-se como num pesadelo e eu me perguntava quando havia sido última vez que tomei LSD. Parei outra vez e as poças de sangue começaram a seguir um trajeto todo próprio e único, desceram das paredes, seguiram pelo colchão e lentamente reentraram no poros dessa mulher difícil de morrer. A madrugada ia avançada e ela já não era pálida, já tinha cor, senti seu batimento cardíaco e era normal, até sua mão arrastar minha boca até seu seio pequeno, tímido e lindo. Lambi como se deve, na esperança de ao menos ouvir um suspiro ou um gemido para então estabelecer um diálogo inverossímil. Contudo eu gostei de chupar o peito da mulher que eu queria morta, mas nenhum barulho, silêncio de cemitério e ainda assim eu queria que ela morresse, mesmo que minha ereção estabelecesse a dicotomia entre os quereres racionais e carnais. As paredes limpas já me deixavam mais aliviado e ela se mexia ao ranger da minha língua e eu apenas atento a cada reação que emanava daquela que há tão pouco me era morta. De morta ela deu de viva, me apertou com fome, me beijou com angústia, é desonesto dizer que não estava gostando como é desonesto não dizer que mesmo assim preferia-a morta. Deu de sentir meu pau duro, sentou e se regalou. Contudo uma palavra sequer não saia e eu muito mudo de comer uma morta, ou alguém que desejava assim. Palavra vem da alma, a boca é mero instrumento. Se fisicamente seu corpo reagia, sua oralidade não existia. Desesperei, dei minha carne, generoso não de bondade, mas de egoísmo; trouxe minha fêmea pra ela comer, comeu da minha carne e da carne que é minha e então um gemido de prazer, uma manifestação oral para misericórdia de minha alma atormentada. O corpo já havia se recomposto e agora era uma linda mulher desejável que comia minha fêmea com ardor. Já não me interessava pelas duas em delírio de carne, eu fui ver as paredes, pois não é porque ela me comeu e devorou minha mulher que a eximiria de pagar um estrago qualquer na pintura! Tudo limpo como sempre. Ofereceu-se pra mim como uma fêmea no cio, penetrei por trás como um bom mamífero do sexo masculino, com muito tesão e francamente triste, ejaculei abundantemente mas não tive orgasmo. Só quem tem pau sabe do que estou falando! Dentro da sexualidade óbvia do homem despejei aquilo que o testículo produz e a próstata expulsa.</span></span><br />
<span style="color: #333333; font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><span style="line-height: 14.35200023651123px;">Farta de tudo ela se elevou altiva e dona de sua nudez, num frecho de luz, ela magra e de pé eu vi meu maior valor como mamífero: meu germe da vida que escorria de sua buceta. Compadeci-me dela, fui doce de ser macho e, sentindo que ela iria partir, retruquei um clichê para assim provocar sua fala:</span></span><br />
<span style="color: #333333; font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><span style="line-height: 14.35200023651123px;">_ Você está bem?</span></span><br />
<span style="color: #333333; font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><span style="line-height: 14.35200023651123px;">Fez-se uma pausa sepulcral e então ela enfim falou:</span></span><br />
<span style="color: #333333; font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><span style="line-height: 14.35200023651123px;">_ Pra quê saber? Você é homem, homem não se importa com o sentimento dos outros! O fato de teres um pênis faz de ti sentimentalmente e sobretudo moralmente incapaz!</span></span><br />
<span style="color: #333333; font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><span style="line-height: 14.35200023651123px;">Fiquei ali sentado enquanto ela me observou por uns segundos, eu pele solta sobre músculos, julgado, definido e condenado pelo fatalismo genético de ter um pau. Virou-me às costas, meu germe da vida ainda escorria por suas pernas e aí, então, tive o maior orgasmo da minha vida porque senti a mais completa certeza de que ela já estava, há bastante tempo, morta!</span></span><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;">Edu França</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;">11/02/2013 </span><o:p></o:p></div>
Edu Françahttp://www.blogger.com/profile/04262861306801118430noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-20502444.post-28838032884040455462014-01-22T22:18:00.002-03:002014-01-22T22:22:45.758-03:00A CASA DO OUTRO - Contos Fora da Minha Pele<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgv7UmS8vPyOCptq6Fv4URpsfZfwPVEm7VKmtHOHf_tNX__uHU84We4_TLLTzlIxRYmTYUbj6_o0iwwuQ4WTLk3sAHw5CYkDtT4GjQ7zGSigQDfwxoxc9-QIytwQvC24jL899WM/s1600/23891935-001.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgv7UmS8vPyOCptq6Fv4URpsfZfwPVEm7VKmtHOHf_tNX__uHU84We4_TLLTzlIxRYmTYUbj6_o0iwwuQ4WTLk3sAHw5CYkDtT4GjQ7zGSigQDfwxoxc9-QIytwQvC24jL899WM/s1600/23891935-001.jpg" height="158" width="320" /></a><span style="color: red; font-size: x-large;"><b><i>Eu não me recordava</i></b></span> bem de como tinha comprado aquela casa simplória, no meio de um bairro popular, mas tinha a íntima certeza de que era minha. Abri a porta e uma morena gorda assistia televisão, os móveis definitivamente não eram meus; tudo de uma incomensurável miséria.<br />
_ Desculpe, mas posso saber o que a senhora faz na minha casa? – disse ao pé de uma porta que se abria em dois.<br />
_ Eu moro aqui! – respondeu a morena com espanto<br />
_ Temos um problema porque eu também moro aqui:<br />
_ Não me espanta, eu sei que tu moras aqui, eu sou apenas um personagem que inventaste pra te incomodar.<br />
_ Mas ninguém cria personagem pra ser um estorvo!<br />
_ Ao contrário: todos os personagens de um autor é uma pedra no sapato.<br />
_ Hum, digamos que tenhas meia razão; a que propósito eu te criei?<br />
_ Olhe em torno de nós, veja a miséria que nos cerca, uma casa velha, numa favela qualquer com móveis piegas, velhos e ultrapassados. Ou seja, eu sou teu medo de miséria.<br />
_ E eu escrevi o meu medo?<br />
_ Não, ele se escreve por toda parte, é mais forte que tu, tu não queres a casa tão pouco viver nela, queres acordar desse tormento, mas não adianta! O pesadelo vive dentro de ti. Mesmo acordado sofres dessa hipótese.<br />
_ Um absurdo!<br />
_ Bem real, contudo não se inquiete, é só um medo.<br />
_ Então eu nunca vivi aqui?<br />
_ Nem um dia.<br />
_ É tudo familiar, como se cada coisa estranha tenha sido posta, uma por uma por mim, há em mim uma irmandade inata com tudo que me é mais estrangeiro!<br />
_ É o seu paradoxo de todo dia, hoje sou eu, amanhã outros fantasmas se levantarão do seu inconsciente pesado, como feras, bestas selvagem que dormem ao ponto de acorda a qual quer momento. Não se preocupe, não sou seu pior pesadelo. Eu sou apenas a morena da casa que é sua e que tu rejeitas de coração e reclamas por egoísmo material, mas não há matéria em delírio.<br />
_ Acho que devo me retirar!<br />
_ Como queiras, tu notarás, um dia teus caminhos tortos te trarão a essa mesma porta onde vais colocar a mesma misera questão e tudo se repetirá infinitamente, porque essa é nossa função existencial: eu, posseira de casa rejeitada, e você, um homem que despreza o que pensa possuir pela via do egoísmo. É nosso fatalismo histórico!<br />
_ Então ate breve!<br />
_ Até!<br />
Eu desci pelas migalhas de mim, perdido dela, prometendo nunca mais escrever sobre esse medo que nem conhecia. Coitado de mim, é coitado de Edu França, eu é que sei, que o conheço das descidas largas do Porto. Tenho dito como realidade metafísica incontestável: coitado de mim, eu é que sei!<br />
<div>
<br /></div>
Edu Françahttp://www.blogger.com/profile/04262861306801118430noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20502444.post-68928034615619940852013-11-17T22:30:00.003-03:002013-11-17T22:30:48.429-03:00É DE... - Contos Fora da Minha Pele<div class="MsoNormal">
<b><i><span style="line-height: 115%;"><span style="font-size: x-large;">É DE
...</span></span><o:p></o:p></i></b></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><b><i>É de não
ligar a televisão, de não ler jornais, de fechar os olhos e se imaginar numa
ilha deserta, só para não saber das desgraças do mundo.<o:p></o:p></i></b></span></div>
<div class="MsoNormal">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3X-aPvCM80gCom9ZhYenYhn2bSSU_FPxny-NAAwlCXck6huGNUOTGQaj2Xu8ow4sjink7wWxFAcNCC9xrsXlThM2kg0RJE2shf9wu0a5n3fHoMjlMYfTP8n5Blz0iYfpBs-rR/s1600/cruz+mulher.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="256" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3X-aPvCM80gCom9ZhYenYhn2bSSU_FPxny-NAAwlCXck6huGNUOTGQaj2Xu8ow4sjink7wWxFAcNCC9xrsXlThM2kg0RJE2shf9wu0a5n3fHoMjlMYfTP8n5Blz0iYfpBs-rR/s320/cruz+mulher.jpg" width="320" /></a><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: red;">É de desejar
ser surdo, de ser mudo, de ser o silêncio personificado só para evitar a náusea
humana e selecionar a mudez que fala e a surdez que seleciona.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: red;">É de fazer
de conta que há todo equilíbrio necessário, de fazer paciente, de fazer
resignado, só para evitar as lamúrias lamacentas dos clichês de consolo.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: red;">É de não
querer, de recusar, de ser resistente ao progresso só para sentir o teimar da
vida que acontece apesar de nós.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: red;">É de
consolar os outros por nossa dor, de ser didático, de escolher a melhor forma
de morrer só para não causar sofrimento a quem vê.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: red;">É de não se
importar com o mundo, de desejar todas as catástrofes climáticas, de comprar um
carro velho à diesel, de usar rios para lava as calçadas só para contrariar
essa onda enjoativa de verdes politicamente corretos da moda facebookiana!<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: red;">É de ser
egoísta, de dizer primeiro, segundo, terceiro eu e talvez os outros, de ser
mesquinho, de ser avarento, hedonista, sádico e psicopata só para acabar com o
falso altruísmo comovível.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: red;">É de querer
o nada como coisa concreta, de tocar em metafísica, de ser todos os sonhos, de
revirar todos os pesadelos, de ser todos os personagens da história só para
desmoralizar a Identidade.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: red;">É de querer
ser pinguim, de se isolar, de desconhecer a própria mãe, de maldizer a
condição, de renegar o nome só para deitar e rolar à misantropia.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: red;">É de
consultar a farmácia, de roubar calmantes, de sequestrar soníferos, de ruminar
antidepressivos, de querer todas as drogas só para não estar aqui.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: red;">É de
inventar mundos, de mentir copiosamente, de sujar todos os nomes, de rasgar todos
os manuais só para não agonizar em silencio.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: red;">É de matar
todas as religiões, de desmoralizar todos os padres, pastores, rabinos, de
maldizer deu só pela sua inércia de velho débil e omisso.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: red;">É de beber
de todos os copos, de provar de todos os corpos, de se masturbar em coletivo só
para se embriagar de sexo.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: red;">É de correr
em vendaval, de soar como terremoto, de arrasar como um tsunami, de devastar
multidões sem arredar o pé só para provar que tudo converge sem nada mexer.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: red;">É de
confessar todos os crimes, de se colocar como culpado de tudo, de ilibar o
parricida, de ser solidário ao fratricida só para abalar qualquer senso de
moral.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: red;">É de ser
sujo, de ser trapaceiro, de não respeitar regras, de contrariar autoridades, de
cagar nos códigos só para mostrar quem é a lei.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: red;">É de ser o
contrário do óbvio, de ser o oposto do previsível, de voar quando andam, de ser
a exceção que confirma à regra, só para mostrar o quanto tudo é ordinário!<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: red;">É de admirar
mendigos, de cobiçar prostitutas, de endeusar ladrões baratos, de romancear os
ladrões de carteiras, de aplaudir sequestradores só para grandir a riqueza de
quem não tem nada a perder!<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: red;">É de ser o
contrário de tudo isso que falei, coisa por coisa oposta, de me desdizer, de me
perdoar, de me condenar, de me reprimir só para mostrar em consanguinidade com
tudo.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: red;">É de ser
incestuoso, de ser freudiano, de comer a irmã e desejar a mãe só para se fazer
escutar.<o:p></o:p></span></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: red;">É de não ter
nada disso só pra mostrar que é capaz de tudo isso sem ter feito nada
disso. </span></span><o:p></o:p></div>
Edu Françahttp://www.blogger.com/profile/04262861306801118430noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-20502444.post-67088321952302419822013-11-12T00:13:00.001-03:002013-11-12T00:16:18.883-03:00O AMOR É ILEGAL - Contos Fora da Minha Pele<div class="MsoNormal">
</div>
<o:p></o:p><br />
<div class="MsoNormal">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUJzxaKQqp_angbTK8vzY_yqRpYBTOGWrCrqLkauxBJYD7ZU_65XTKLtXsgqAHrt0V7LaGb_vE2kHWBhs3EJwhDtRL2lKTGrEbYtdKaU4WBCWbRWmjuhgQ1Rf3eaNj86hclFxu/s1600/0.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUJzxaKQqp_angbTK8vzY_yqRpYBTOGWrCrqLkauxBJYD7ZU_65XTKLtXsgqAHrt0V7LaGb_vE2kHWBhs3EJwhDtRL2lKTGrEbYtdKaU4WBCWbRWmjuhgQ1Rf3eaNj86hclFxu/s320/0.jpg" width="320" /></a><span style="color: red; font-size: large;"><i>De cumplicidade bilateral</i></span>, sem margem para remorsos ou
crises de consciência sobre ética, moral e dever cívico o amor faz-se assim
ilegal de qualquer forma. Mas uma ilegalidade legítima nas suas bases,
fundamentadas em suas razões; uma ilegalidade moral com seus fundamentos de fidelidade canina. O amor tal como ele deve ser, tal para a quem lhe toque, não
pode achar outro caminho que, senão, a beleza marginal. O amor paira sobre
qualquer conceito, dogma ou lei, o amor é acima de tudo! Não criem ilusões: o
amor é antes de tudo perigoso! Primeiro pelo seu modo abrangente, insubalterno,
subversivo, desacatante, protetor e indubitável; depois por sua forma, seu modo
criminal de escudo contra qualquer ataque, em conivência e depoimento unívoco,
amor é formação de quadrilha; dureza de convicções e o apoio dorsal qualquer
que seja a circunstância, caracterizando crime organizado; e por fim sua
sentimentalidade, uma doçura que desconhece o fel da vida, uma ternura que
ignora a dor de viver uma indulgencia que perdoa o que um deus condenaria,
caracterizando-se, assim, estelionato. O amor é revolucionário e, portanto,
ilegal ao senso estrito do termo da organização dos poderes.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Todas as instituições estão comprometidas por que o amor não
morre nem acaba, é um canto que um outro pega no último fio de voz, o amor é
imortal, crônico e sexualmente transmissível, juridicamente insustentável! Ele
é capaz de mentir, dissimular, forjar álibis e burlar as evidências notórias.
Amor que é amor só conhece as confissões de fazer bem e as negações de fazer
mal, é imoral em todos os tempos. Quando a maré dos infortúnios banha seus
eleitos ele é o único a ficar e afirmar suas posições; quando todas já partiram
para o lado oposto, ele resta de pé, como o último marinheiro do barco que
naufraga, o amor é resistente! É o último a dizer não, a ver os defeitos, ou
melhor: o primeiro a perdoá-los. Amor não é paixão, que não passa de uma
adorável febre, sintoma de uma infecção que em breve será tratada. Amor é cura,
é guerrir todos os males da vida com esperança o sem sintomas febris, o amor é
lúcido!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Amor é por do sol e pureza de copo d’água, é coisa sem nome,
é música de Bach, música e silêncio, é presença mesmo quando o ser amado está
longe e sem previsão de volta, amor é
certeza! Quando os ventos devastam quintais e levantam toda a poeira dos
sertões áridos é ele a gota d’água que sacia os sequiosos, amor é socorro!
Quando as regras dos homens castigam o corpo, roubam o tempo que não reembolsa
e desaba tudo que levaram anos pra ficar de pé é o amor que estende a mão, amor
é apoio incondicional. É revolucionário, contracultura, atemporal, sem sobre-posto
de olhos fechados, o amor é o quinto membro de quem o tem. Tal como é concebido
e praticado sente-se o amor como subversivo, contraditório, imoral, rebelde, ilegal
e maravilhoso! Sorte de quem os tem, a
quem não tem: ilegalidade pra todos! Pena prevista: viver!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Edu Françahttp://www.blogger.com/profile/04262861306801118430noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20502444.post-34866246532209727252013-10-31T22:38:00.000-03:002013-10-31T22:41:22.360-03:00VIVER DÓI - Contos Fora da Minha Pele<br />
<br />
<div class="MsoNormal">
</div>
<h3>
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPTte619NS9h_G1zOl0JNxlUfF_EASm60aWTisPhDh4JxjRtSGc2NLL12pua-VZzTOWtVdb-uhr0JjaxgxJFktrOGa_ndttHhohAZP9YMXOPoJ7k2B_SbfiljFwsFstvJrFh0c/s1600/dolor.png" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="198" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPTte619NS9h_G1zOl0JNxlUfF_EASm60aWTisPhDh4JxjRtSGc2NLL12pua-VZzTOWtVdb-uhr0JjaxgxJFktrOGa_ndttHhohAZP9YMXOPoJ7k2B_SbfiljFwsFstvJrFh0c/s320/dolor.png" width="320" /></a><span style="font-size: x-large;"><i>Viver dói como coisa nenhuma</i></span>. Nó cego e encruzilhada
fechada. Dor de feriado que ataca, de vez em quando, de modo físico; dor inconsciente
de feira que acossa todos os dias, santos ou não. Últimas águas de inverno,
folhas de outono, raio de sol e copo d’água. Placebos de amor, correnteza
turva, córrego e bajulação. Simulacros de família, genéricos de existir e
arrogância de contentamento. Canção de baleia, canto do Uirapuru. Rua sem saída
e caminho sem volta. Whisky sem gelo e glicose. Dor de parto e alegria de pai.
Abandono de filho e ingratidão imperial. Artéria aberta e sangue estancado.
Barragem arrombada e copo de lágrimas. Saudade do futuro e futuro nostálgico.
Lembrança de velho e sonho de criança. Roubo à vista, cegueira voluntária.
Omissão descarada, medo de falar. Calo no pé, nó na língua. Abandono
voluntário, retorno forçado. Anúncios de putas, café frio, ônibus cheio,
conversa morna e pressa, muita pressa. Porta fechada e cocada de coco. Amendoim
cozido e boa viagem. Café quente, lábio queimado, laranja azeda e suco amargo. Analgésico
de televisão, libido em férias e masturbação de pau mole. Vida de pobre, vazio
de rico. Ilegalidade moral, imoralidade legal. Escalada moderna, passado
repetido. Rigor da lei, favor da lei. Injustiça de olho aberto, justiça cega.
Espera de burro, chegada do nunca. Doce pra distrair, remédio pra dormir e
clichês pra suportar. Sono drogado, realidade surrealista. Pouco dinheiro,
muita vontade. Apatia de jovem, remorso de velho. Velhice precoce, juventude
tardia. Resto de sopa e malha suja. Vinho azedo e o vinagre de todo dia. Sonhos
frustrados e posse do que não pode. Desejo palpável, prudência de lei. Limite
visível, falta de vontade. Rivotril e sorriso de plástico. Certo em brasa, carne
marcada. Divindade de Mozart e humanismo de Beethoven. Música sem som, silêncio
de agonia. Grito de dor e surdez programada. Pessoa ninguém, ninguém sem
pessoa. Vontade do outro, mitomania. Lugar aberto e claustrofobia. Lugar fechado
e síndrome do pânico. Oligofrenia e bem vindo. Vontade de parar, despertador às
7 manhã. Ingratidão estética e agradecer por obrigação. Fechar a boca e dizer o
de sempre. Envelhecer sem dar conta, desespero do tempo que passa. Aquilo que
ficou no passado, aquilo que o futuro não trará! Pó de serra e espiro do nu,
prazer cortado. Orgasmos falsos, mentira de todo dia. Profano confuso, ração só
a dia, adia. Perversão de padre e sadismo de mãe de família. Mentira da
aparência de nós, nossa solidão com a merda que somos. Maquiagem, brilho, purpurina,
perfume barato e a caveira no espelho. Espelho quebrado e banheiro sujo pra
vomitar o âmago. Rotina que te arrasta sangrando e sonhos mofados que te condenam.
Banalidade do sofrimento e prazer de infringi-lo. Alívio de calmante e mentiras
do gênero. Certeza do personagem cômico de nós. Teatro da vida, vida teatral.
Palhaços sem circo e metidos a sérios. Ninguém leva a sério, deboche coletivo.
Despedidas sofridas, encontros prazerosos para futuras despedidas. Partir e
cortar e nunca reencontrar o mesmo caminho. Despedida de todo resto, uma vida
por um encontro. Frases soltas, nexo atrelado. Pretensão de nada, vontade de
tudo. Coração vazio, incertezas concretas. Um grande oco e saudade do útero.
Vontade de voltar, caminho desfeito. Seguir em frente, mapa perdido e uma única
certeza viver dói como coisa toda, mesmo que isso não diga nada do nada de
viver. E toda noite a esperança de que amanhã comece isso que dizem que é viver. </h3>
<o:p></o:p>Edu Françahttp://www.blogger.com/profile/04262861306801118430noreply@blogger.com0